Angelo Poletto Mendes/Redação JC
A Prefeitura pôs fim à queda-de-braço acerca do destino da UPA Sul, com a inauguração, no início de junho, do novo Multihospital Floripa, no bairro Carianos, no sudoeste da Ilha. Apontado pela gestão municipal como novo paradigma em saúde pública na capital, o complexo com 13 mil metros quadrados instalado no prédio onde funcionou até há cinco anos o Aeroporto Internacional Hercílio Luz abriga uma série de equipamentos e serviços públicos voltados prioritariamente à população do Sul da Ilha, entre eles a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) regional.
Com área total de 1,5 mil metros quadrados, a nova UPA Sul será a maior da capital, segundo a Prefeitura, dotada de nove consultórios e interligada aos demais serviços do complexo, permitindo a realização mais ágil de exames de imagem e laboratoriais. A pedra-de-toque do novo complexo, no entanto, será o chamado Hospital Dia, definido como ‘o primeiro hospital municipal de Florianópolis’, que terá atendimento especializado em procedimentos cirúrgicos, terapêuticos e diagnósticos, de baixa e média complexidade, com permanência máxima de 12 horas do paciente.
A expectativa do governo municipal é realizar mensalmente no local 30 mil exames laboratoriais, cerca de 10 mil consultas, mais de 1.500 exames de radiodiagnóstico adulto e pediátrico, quase 800 exames de ultrassom, 400 cirurgias eletivas gerais e 800 cirurgias oftalmológicas. “Com projeção de realizar 1.200 cirurgias por mês, vamos reduzir o tempo de espera da população para procedimentos eletivos de baixa e média complexidade”, projetou a secretária municipal de Saúde, Cristina Pires Pauluci.
O Multihospital terá ainda outras novidades: o primeiro CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) 24horas do município; Espaço Acolher Floripa para atendimento de crianças, adolescentes, mulheres e pessoas trans em situações de violência, com unidade policial anexa; além da primeira ótica pública do município, entre outros. A Prefeitura informou ainda que introduziu uma série de novas linhas de ônibus para agilizar o acesso ao local, com saídas do Tirio e Centro, além de ampliar horários da linha Tirio/Carianos.
RIO TAVARES – A preservação da UPA Sul no Rio Tavares, ao lado do Tirio, segue, no entanto, como motivo de dissenção entre o governo municipal, grande parte dos moradores do Sul da Ilha e servidores municipais há mais de um ano, resultando até na criação de um movimento regional denominado ‘UPA Sul Fica’. Membros do movimento estiveram na inauguração ostentando faixas, para entregar ao prefeito Topázio Neto e ao governador Jorginho Mello, que participavam do evento, um abaixo-assinado que teria 10 mil assinaturas contrárias à remoção.
Apesar da portentosa estrutura, a gestão híbrida do complexo, com administração terceirizada, e o alto custo do empreendimento, que envolveu intrincada negociação com o grupo suíço detentor da concessão do novo aeroporto da capital, sem a chancela do Conselho Municipal de Saúde, também são alvos de muitas críticas e até questionamentos legais.
Num vídeo divulgado na véspera da inauguração, o prefeito tentou contemporizar, garantindo sobrevida à UPA Rio Tavares. ‘Lá (no Rio Tavares) seguirá aberto para emergências também se ainda assim você preferir’, divulgou. Avisou, no entanto, que o prédio precisará ser desocupado em breve para diagnóstico estrutural. “Não dá para reformar a UPA funcionando 24 horas por dia”, alegou. “Quando a gente desocupar definitivamente e fizermos um diagnóstico, daí a gente discute com os servidores e a comunidade o futuro daquele espaço”, prometeu.
(Foto: Roberto Zacarias/SecomSC/Divulgação/JC)
