2 de abril de 2024

PLEBISCITO contra terceirização na saúde mobiliza Sul da Ilha pela UPA

Angelo Poletto Mendes/Redação JC

Considerada uma cartada importante, talvez até decisiva para tentar reverter a transferência da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Sul, do Rio Tavares, para o bairro Carianos, no sudoeste da Ilha de Santa Catarina,  começa no dia 22/04 e se estende até 28/04 o denominado Plebiscito Contra as Terceirizações, no bojo do qual se pretende também aferir a rejeição da comunidade à transferência da unidade de saúde local.
A Prefeitura planeja alojar a UPA num novo e polêmico complexo hospitalar que está sendo construído no prédio do antigo aeroporto, a cerca de 10 quilômetros do atual endereço, sobre o qual paira uma série de questionamentos. Além da forte rejeição popular na região, evidenciada pelas constantes manifestações, o novo empreendimento não teve a chancela do Conselho Municipal de Saúde e ainda enfrenta suspeição de irregularidades na sua contratação, que estaria inclusive sob investigação do Ministério Público Federal.
Concebido pelo Sintrasem (Sindicato dos Trabalhadores no Serviço do Público Municipal), em parceria com entidades comunitárias locais, entre elas o Comitê UPA Sul Fica, o plebiscito se aterá especificamente ao apoio popular às terceirizações de serviços públicos, especialmente nos âmbitos da saúde, educação e limpeza pública, com urnas em vários pontos da cidade. No Sul da Ilha, haverá urna defronte à UPA Sul, ao lado do Terminal do Rio Tavares (Tirio).
“O ato de transferência da UPA Sul está intimamente entrelaçado com a terceirização dos serviços públicos, notadamente na área da saúde”, assinala Claudio Felippio, do Comitê UPA Sul Fica, justificando a conexão entre o plebiscito e a luta pela permanência da UPA no Rio Tavares. O dirigente apela aos moradores para que prestigiem o plebiscito, participando ativamente não só do escrutínio, mas também divulgando para suas redes de amigos. Desde o anúncio da intenção do governo municipal de realocar a UPA, manifestações contrárias à transferência têm acontecido periodicamente em frente à edificação, sempre com grande adesão popular.

COMITÊ UPA SUL FICA apela à participação popular
“Todos que moram ou trabalham em Florianópolis tem até o próximo domingo (28/4) para votar em uma das dezenas de urnas distribuídas em todas as regiões da cidade!
São urnas fixas e itinerantes em pontos de grande movimento e locais de trabalho do serviço público municipal, como escolas, NEIMs, centros de saúde e outros.
Você pode conferir o mapa com as urnas fixas no link http://bit.ly/plebiscito-urnas
O mapa ainda pode ser atualizado de acordo com novas informações dos locais de coleta.
Chegou a hora de o povo dizer o que pensa sobre a entrega do patrimônio público da cidade. Confira onde votar e participe!” (Fonte: Comitê UPA Sul Fica);
CONFIRA LOCALIZAÇÃO DAS URNAS
A seguir, localização das urnas instaladas para votação no plebiscito contra as terceirizações na capital catarinense, divulgada pelo Comitê UPA Sul Fica:
URNAS FIXAS: *TICEN (Centro). Todos os dias, 8h-11h e 14h-17h; *Catedral (Centro). Todos os dias, 14h às 18h; *UPA NORTE. Todos os dias, 8h às 17h; *UPA SUL. Todos os dias, 8h às 19h; *UDESC. 23/4 – CEART (13h30-19h);  24/4 – FAED (18h-21h); *UFSC. RU – almoço e jantar; demais horários nos departamentos; BU – próximo à biblioteca (12h às 19h); *Casarão da Lagoa (Centro Cultural Bento Silvério, Lagoa da Conceição). Todos os dias, 13h-17h.

 POSTO DO CAMPECHE AMEAÇADO
 Em meio à mobilização sem tréguas contra a transferência da UPA Sul do Rio Tavares, que teve nova e robusta manifestação no local em meados de março, dirigentes comunitários locais denunciam também a precarização do Posto de Saúde do Campeche, o maior e mais concorrido do Sul da Ilha. Segundo dados fornecidos pelo Conselho Local de Saúde, somente no ano passado a unidade teria perdido nada menos que 10 profissionais, entre administrativos, atendentes e técnicos de enfermagem, resultando em sérias dificuldades no atendimento à população.
“Não basta quererem levar nossa UPA para longe, ainda desmantelam nosso centro de saúde”, protesta o coordenador do conselho, Marcos Ferreira. “Estamos vendo um verdadeiro desmonte do posto do bairro; serviços estão sendo interrompidos e muitas vezes o posto está até fechando mais cedo por absoluta falta de pessoal”, reclama Ferreira. “As vezes nem remédio é possível pegar”, acrescenta. Com uma média de 100 atendimentos diários, quase dois mil procedimentos de enfermagem mensais e aplicação de 600 vacinas por mês, o posto de saúde do Campeche é o mais movimentado do Sul da Ilha.
Por causa da carência de pessoal, os profissionais estariam submetidos a situações tensas e hostilidade dos usuários. “Os profissionais do posto são todos muito atenciosos, tentam resolver os problemas, mas não dão conta, e muitos não entendem que a culpa não é deles”, comenta. Ferreira afirma que já esteve por mais de uma vez em audiência com autoridades municipais de saúde, a última delas no final do ano, mas saiu apenas com promessas de solução que nunca se concretizam.
Por causa disso, numa iniciativa quase ‘desesperada’, o Conselho Local acaba de divulgar uma ‘Carta Aberta de denúncia e desafio aos moradores do Campeche, autoridades municipais e órgãos de imprensa’. “Estamos desafiando vereadores, vereadoras, autoridades do município, jornalistas e meios de comunicação a virem aqui conferir in loco o que estamos vivendo”, afirmou o dirigente. O JC contatou a assessoria da Secretaria de Saúde, por meio de whatsapp, no dia 21/03, para contraponto à denúncia, mas até o fechamento desta edição, em 24/03, não obteve resposta. NO dia 22/03, a Prefeitura divulgou a realização de concurso público para contratação de uma série de profissionais de saúde, de nível técnico e superior. Texto: Angelo Poletto Mendes/Redação JC. (Foto: Sérgio Aspar/Divulgação/JC)