Angelo Poletto Mendes/Redação JC
Apesar da reversão a cada dia mais complicada, diante da inflexibilidade da gestão municipal aos apelos e protestos populares – a Prefeitura até já anunciou a intenção de inaugurar o novo e polêmico complexo de saúde (que agregará a UPA Sul), em Carianos, em meados de março próximo -, os movimentos comunitários do Campeche e Sul da Ilha ainda não jogaram a toalha na briga pela manutenção da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Sul, no Rio Tavares. A nova cartada do movimento em defesa de sua preservação no mesmo local, onde funciona há quase 16 anos, é a realização de um plebiscito popular, que estaria sendo gestado para acontecer nos próximos meses.
O mote da consulta que está sendo idealizada será a rigor apenas o apoio ou não à terceirização da gestão das UPAS e do serviço público municipal como um todo – no final do ano passado a Prefeitura lançou edital para terceirizar a UPA Norte e se prepara para o fazer o mesmo na UPA Sul –, mas o movimento local acredita que uma posição vigorosa contra a terceirização pode fortalecer também a campanha ‘UPA Sul Fica’. No Sul da Ilha, a terceirização planejada é ainda mais ampla, abarcando toda a operação do novo complexo de saúde de Carianos (UPA Sul, Hospital Dia e CAPS).
O coordenador do Conselho Distrital de Saúde do Sul da Ilha e membro do Conselho Municipal de Saúde, Gustavo Lanza, disse que o plebiscito terá rigor metodológico, para auferir validade científica aos resultados. Desde o final do ano passado, conforme ele, os movimentos comunitários do Sul e Norte da Ilha integraram as lutas, contando também com apoio do sindicado dos servidores municipais, e serão os responsáveis pela planejada consulta popular. O escrutínio também deve contemplar a opinião da população acerca do serviço de limpeza pública.
Sob análise de diversos órgãos federais, após invocação do Ministério Público Federal, a instalação do novo complexo hospitalar em Carianos e a consequente remoção da UPA Sul do Rio Tavares também não conta com a chancela do Conselho Municipal de Saúde – instância consultiva acerca de investimentos em saúde pública no município -, e ainda enfrenta a oposição unânime dos 13 conselhos locais de saúde do Sul da Ilha. Não só pela sua localização, distante do núcleo central da região, mas também pelo alto custo aplicado no novo complexo, que estaria comprometendo o custeio de outras atividades primárias de saúde pública.
Só o posto de saúde do Campeche, segundo o coordenador do Conselho Local de Saúde, Marcos Ferreira, teria perdido oito funcionários no ano passado, correspondente a cerca de 20% do quadro de servidores da unidade, dentre eles seis ligados diretamente às atividades-fim de saúde. “Apesar da dedicação das equipes do centro de saúde, devido à redução de pessoal e da sobrecarga muitas pessoas acabam não conseguindo receber o serviço”, lamentou. O descolamento da UPA Sul do centro da região, prevê o dirigente, também deve impactar na procura pelos postos de saúde dos bairros. “A tendência natural da população será procurar o serviço de saúde mais próximo”. (Foto: Sérgio Aspar/Divulgação/Arquivo/JC)