22 de janeiro de 2024

VERÃO quente atrai mais turistas e garante ótima temporada no Sul

Angelo Poletto Mendes/Redação JC

Num verão marcado até aqui por ondas de calor extremo, com sensação térmica rondando 40 graus em alguns dias, Campeche e Sul da Ilha vivem a melhor temporada dos últimos cinco anos pelo menos, com grande movimento de turistas e praias lotadas praticamente todos os dias nos balneários da região. O perfil predominante dos turistas até aqui, segundo comerciantes, é de brasileiros de tradicionais polos emissores – paulistas, gaúchos e paranaenses -, com acréscimo de outros menos usuais, como mineiros, matogrossenses e alguns nordestinos.
Entre os estrangeiros, a presença argentina até meados de janeiro era considerada bastante tímida, com predomínio de famílias mais caseiras e contidas nos gastos, enquanto cresceu a presença de outros latinos, como chilenos, uruguaios e até paraguaios. “Tudo indica até aqui que essa será realmente uma temporada dos brasileiros, que vieram em grande número, e têm um perfil um pouco menos econômico”, afirmou Arante Monteiro, dono de restaurante no Pântano do Sul.
“O primeiro pico da temporada aconteceu do pós-Natal até sete de janeiro, com um movimento extraordinário; depois já entrou um novo público, numa espécie de troca de turno, mas sem aquele declínio mais forte no fluxo, o que é importante”, comentou Pedro Prando, dono de badalado bar e restaurante no Campeche. “A temporada está excelente, a cidade está totalmente lotada, tanto no Sul como no Norte da Ilha”, assinalou o presidente do Conselho Estadual de Turismo ex-presidente da Santur, Leandro Mané Ferrari.
A distribuição do turismo, ressalta ainda o dirigente, está também cada vez mais equânime. “Não existe mais aquela predileção que havia por determinada região”, observou. Ferrari acredita também que os argentinos ainda virão em grande número após meados de janeiro, garantindo uma temporada mais linear. “Os argentinos têm essa característica de chegarem um pouco mais tarde’, ponderou. Sobre o Carnaval mais cedo neste ano, que normalmente põe ponto final à temporada, pairam expectativas de que possa ajudar a manter um fluxo de turistas mais constante até lá.
GARGALOS – O grande número de turistas contudo escancarou mais uma vez a precariedade estrutural da cidade. Além dos problemas de balneabilidade cada vez mais latentes, dada à expansão urbana geométrica de todas as regiões da cidade, se agravaram também neste verão as dificuldades de mobilidade. “A balneabilidade é um problema que precisa ser atacado, assim como a redução dos espaços nas faixas de areia, mas o nosso maior gargalo, que mais pesa, é a mobilidade; ficar preso três horas numa fila para chegar ou voltar da praia afugenta qualquer turista”, afirma Ferrari.
Para o dirigente, a saída passa pela mudança de mentalidade nas soluções urbanas. “Precisamos pensar no longo prazo e acabar com essa tendência de adotar medidas paliativas como terceiras pistas e uso de acostamentos nas rodovias”, argumentou. Na visão do comerciante Arante, no entanto, a mobilidade da cidade é quase insolúvel. “A cidade está ficando superpovoada, quanto mais rodovia se faz, mais prédio se constrói e mais gente vem pra cá”, observa. Para ele, o caminho é fortalecer a estrutura atrativa dos balneários, incentivando moradores e turistas a permanecerem nas praias onde estão alojados. “A cidade não comporta mais um destino único, por exemplo, para eventos como Reveillon e Carnaval; precisamos pulverizar as festas nos balneários, distensionando os fluxos”, argumentou. (Foto: Milton Ostetto/Divulgação/JC)