Angelo Poletto Mendes/Redação JC
Um novo ingrediente ameaça a polêmica implantação de um complexo hospitalar no antigo aeroporto da capital, no bairro Carianos, e, em consequência, também a contestada remoção da Unidade de Pronto Atendimento do Sul da Ilha (UPA Sul), do Rio Tavares para o sudoeste da Ilha. Acatando invocação do mandato do vereador Afrânio Boppré, o Ministério Público Federal acaba de determinar apuração das circunstâncias em que foi contratada a obra.
Segundo o vereador, a invocação foi amparada num ‘dossiê de 470 páginas’, que apontaria inúmeras irregularidades na contratação da obra, como dispensa de licitação e ausência de alvará construtivo, entre outras. A apuração do MPF, mesmo que não resulte em intervenção na obra, fortalece ainda mais o movimento contrário à transferência da UPA Sul, que segue mobilizado, com manifestações regulares no Rio Tavares.
Além da rejeição popular generalizada, a mudança da unidade para o sudoeste da Ilha, cuja efetivação ainda é uma incógnita, também enfrenta oposição unânime dos 13 conselhos locais de saúde do Sul da Ilha. Não só pelo transtorno decorrente do novo endereço, mas pelo alto custo aplicado no novo complexo, que estaria comprometendo o custeio de outras atividades primárias de saúde pública, conforme dirigentes locais.
“Ninguém sabe também nada sobre o andamento das obras e estrutura interna, há uma total falta de transparência sobre o novo complexo”, lamenta o coordenador do Conselho Distrital de Saúde do Sul da Ilha e membro do Conselho Municipal de Saúde, Gustavo Lanza. O dirigente alerta, no entanto, que as características prediais e a localização não se enquadrariam nas exigências do SUS, correndo o risco de não contarem com aporte do Governo Federal para sua manutenção.
Denominado Comitê em Defesa da UPA Sul, o movimento contrário à transferência é apartidário, voltado exclusivamente ao seu objetivo, avisa o dirigente. “Buscamos apoio de vários segmentos da sociedade, políticos de todos os partidos, associações, conselhos, sindicatos e entidades organizadas em geral e apelamos até para a sensibilidade do prefeito”, destaca. “Há um consenso da sociedade organizada pela preservação da UPA no mesmo local, até por uma questão de convergência com os preceitos do SUS, que preconiza que cada recurso público investido alcance o máximo de pessoas”, reforça o coordenador do conselho do Campeche, Marcos Ferreira. (Foto: Divulgação/JC)