Angelo Poletto Mendes/Redação JC
O alcoolismo não tem cura. O preço da sobriedade é a eterna vigilância; evite o primeiro gole. Sob essas premissas, a mais antiga e conhecida irmandade internacional voltada à recuperação de doentes compulsivos, que completou neste ano 88 anos de existência, o AA (Alcóolicos Anônimos) vem reinserindo anualmente milhões de pessoas ao convívio social em todo o mundo. No Sul da Ilha, existem três grupos ativos há mais de duas décadas, no Campeche, Ribeirão da Ilha e Tapera.
O mais antigo, no Campeche, com reuniões duas vezes por semana, comemora 25 anos em 2023. Os outros dois completaram respectivamente 22 e 19 anos. “O alcoolismo é uma doença crônica, progressiva e de desfecho fatal, não tem cura; conseguimos, por meio de nossa boa vontade e apoio do AA, é o controle da doença”, explica Gisele, servidora de A.A. e que está na Irmandade há nove anos. O serviço em A.A. é voluntário.
A irmandade não divulga números de ‘recuperados’, porque a recuperação definitiva de um alcoólatra ‘não existe’, costuma se estender por toda vida. “Após ingressar no AA e controlar a compulsão pelo álcool, o convívio com a irmandade passa a ser permanente na vida de todos que não querem ceder novamente às tentações da bebida”, comenta. “A recuperação é gradativa, por etapas; temos membros que participam do AA há mais de 30 anos”, conta. O grupo do Campeche é o que costuma reunir o maior número de pessoas, cerca de duas dezenas a cada reunião, inclusive boa parte de mulheres.
Após oração de abertura (a espiritualidade é um dos 12 passos para a recuperação), sob condução de um coordenador, as reuniões se desenvolvem através do relato das experiências dos participantes. “Nossas reuniões não são tristes e pesadas. Muitas são alegres e cheias de emoção, na maioria das vezes são de esperança, de força, de identificação nas mazelas passadas, mas também na crença de que podemos viver bem, felizes e alegres em serena sobriedade…” A identificação com os depoimentos é inclusive um dos pilares motivacionais dos recuperandos. “A partilha é nossa pedra-de-toque, que nos faz perceber que existem outros que como nós enfrentam o mesmo problema, que não estamos sozinhos no fundo do poço”, assinala.
Foto: Divulgação/JC
AA SUL DA ILHA – Grupos Campeche, Tapera e Sul da Ilha (Ribeirão da Ilha). Telefone central: 3224.6713