30 de janeiro de 2023

PLANO diretor permissivo e falta de saneamento são maiores ameaças

Angelo Poletto Mendes/Redação JC

Além do abalo à imagem da cidade como destino turístico, que leva junto de roldão a imagem de todos os balneários da capital, o desastre sanitário que atingiu as praias do Norte da Ilha nesta temporada acendeu novamente o sinal de alerta no Sul da Ilha para os riscos que a região corre de seguir pelo mesmo caminho. Lideranças políticas, comunitárias e empresários da região concordam que o perigo é grande da região também colapsar, a médio prazo, se não houver compromisso com a sustentabilidade na gestão urbana da cidade.
“Esse desastre prova mais uma vez que o modelo de desenvolvimento imposto ao Norte da Ilha, de crescimento a qualquer custo, sem apresentar soluções de infraestrutura, é um modelo estrangulado, caótico; um péssimo exemplo de urbanização para a Ilha”, assinala o ex-vereador e atual deputado-estadual Marcos José de Abreu, o Marquito. “Quando alertamos para os riscos desse modelo colapsado, somos criticados e acusados de ecochatos; o resultado está aí”.
O deputado acredita ainda assim que é possível reequilibrar o modelo vigente no Norte da Ilha. “Do ponto de vista ambiental sempre é possível restaurar, mas vai depender de vontade política, muito investimento em tecnologia e também conscientização individual” ponderou. “Não adianta inventar soluções baratas e improvisadas, como estão querendo fazer; transferir o curso do rio (no caso o Rio do Brás, em Canasvieiras) para outras bacias hidrográficas é transferir o problema”.
O primeiro passo para reverter o iminente caos no Norte da Ilha e impedir o estrangulamento também do Sul da Ilha, aponta ele, é reavaliar de forma responsável o regramento urbano municipal. “Não é mais aceitável se discutir plano diretor de forma homogênea, permitindo tudo em toda a cidade, sob o argumento falacioso de centralidades; cada região tem suas especificidades”, ponderou. “Antes de se pensar em verticalização e aumento de gabarito, é preciso se definir plano de saneamento”, apontou.
 Apesar do predomínio de praias de mar grosso, o Sul da Ilha também não é imune e vem registrando crescentes pontos de poluição até em praias badaladas, resultado de uma expansão geométrica registrada nos últimos anos, sem correspondente infra-estrutura. “Não adianta só se pensar em vender imóveis; precisamos preservar o que temos. O principal atrativo do Sul da Ilha e de Florianópolis para os turistas, todas as pesquisas comprovam, são as praias e as belezas naturais, e não a urbanidade”, assinala o empresário Pedro Luiz Prando. “Esse plano diretor permissivo que estão querendo empurrar goela abaixo da cidade é muito preocupante”, observou o comerciante Arante Monteiro, do Pântano do Sul. (Foto: Milton Ostetto/Divulgação/JC)