Angelo Poletto Mendes/Redação JC
A temporada de verão que se avizinha, sobre a qual pairam grandes expectativas após duas temporadas consecutivas de desempenho prejudicado pela pandemia, dá sinais de que não será tranquila novamente no Sul da Ilha. Isso porque apenas pouco mais de dois meses depois de iniciarem, as obras de revitalização da rodovia SC-406, importante via de conexão intra-regional e principal acesso à Lagoa da Conceição e Costa Leste da Ilha, já estão causando transtornos no tráfego local, gerando muita reclamação de moradores e comerciantes.
“Estamos muito preocupados; nós felizmente estamos respirando ainda, mas vai ter comércio local nosso aqui que vai morrer; essa obra vai matar e o pior é que vai se prolongar, com certeza”, desabafou o comerciante Adilson Cameu, dono de conhecida agropecuária local. No final de agosto, comerciantes e moradores locais promoveram abaixo-assinado reivindicando a alteração do turno de execução dos trabalhos para a noite, mas a solução foi rechaçada pela Secretaria de Obras municipal.
A Prefeitura alega que as obras não podem ser feitas à noite devido a dificuldades operacionais e técnicas, limitações com relação às licenças e ao barulho que as obras podem causar durante à noite, além dos gastos extras que a mudança implicaria e à própria segurança dos trabalhos. Desde então, foram feitos dois remanejamentos de horários de adoção do tráfego pelo sistema pare-siga, passando a operar entre 9h e 12h, e das 13h30 às 17h, para tentar aliviar os congestionamentos nos horários de pico.
A solução atenuou o quadro, mas não resolveu o drama, que tende a se agravar com a chegada dos trabalhos à rótula alemã, de conexão à Avenida Campeche, que vinha sendo usada como acesso alternativo. A Prefeitura informa que, embora seja estadual, a SC-406 está sendo viabilizada pelo município, contemplando 2,4 quilômetros de trecho municipalizado, entre o elevado do Rio Tavares e a Avenida Campeche, e outros 2,5 quilômetros de responsabilidade estadual, totalizando 4,9 quilômetros, até a Rua Osni Ortiga, no Porto da Lagoa. No total, a rodovia possui 8,3 quilômetros de extensão.
O cronograma da obra, que contempla drenagem, fresagem e recapeamento asfáltico – a restauração de passeios e construção de ciclovia descontínua que estava prevista já foi transferida para o ano que vem – tem prazo de conclusão de 12 meses. Moradores temem, no entanto, a repetição do drama que atinge a vizinha Avenida das Rendeiras, outra obra de revitalização viária importante para a cidade, mas que se arrasta há quase dois anos, sem perspectivas de conclusão, na Lagoa da Conceição.
A Prefeitura entende que o quadro não é assim tão dramático quanto está sendo pintado. Cerca de 60% das obras de instalação de tubulações, até a Avenida Campeche, já teriam sido concluídas. “Infelizmente, para realizar este trabalho, temos que interromper uma das pistas e ali há mesmo muito trânsito; temos o verão chegando e não podemos entrar na temporada com a obra em andamento”, afirmou o prefeito Topázio.
“É preciso reconhecer que essa é uma obra importante e necessária para a região; o problema é que foi iniciada a toque-de-caixa, sem ouvir a população e o conselho comunitário”, lamentou Valter Chagas, ex-vereador e intendente local, nos anos 80. “O problema não se restringe ao tráfego; envolve também à própria segurança de motoristas e pedestres”, acrescenta o ex-presidente da Amocam, Alencar Vigano. “À noite, está muito perigoso transitar por aqui e não demora pode acontecer um acidente mais grave”, assinalou.
(Foto: PMF/Divulgação/Arquivo/JC)