30 de novembro de 2021

OPOSIÇÃO e líderes comunitários exigem maior participação popular

Angelo Poletto Mendes/Redação JC

O projeto de revisão do plano diretor proposto pelo governo municipal é visto com muita preocupação por dirigentes comunitários e partidos de oposição. Além de seu próprio mérito, ainda desconhecido na integralidade pela maioria, os questionamentos abarcam também a falta de transparência na elaboração, a forma açodada de encaminhamento à Câmara e a pressa na sua aprovação, sem permitir o pleno conhecimento de seus detalhes pela maioria da população.
“Esse debate não pode ser atropelado, como foi no passado recente. Ele não pode ser fruto de uma discussão de gabinetes, pensado por poucos; precisamos de muito debate e participação popular; ouvir quem estuda, pesquisa, trabalha, empreende e também quem vive em cada canto dessa cidade”, afirmou o vereador Afrânio Boppre (Psol), em recente entrevista ao JC.
 Para ele, o projeto visa franquear cada vez mais o adensamento urbano. “Isso só acontece na visão deles por meio da verticalização, quando se pode adensar sem verticalizar”. O parlamentar entende que será muito importante a mobilização popular nesse processo. “Se não, eles vão passar por cima e verticalizar tudo, inclusive o Campeche”, alertou.
“Se continuarmos nesse ritmo, teremos uma cidade cinza, da ganância e do lucro”, lamentou o parlamentar. O vereador Marcos José de Abreu, o Marquito (Psol), do Sul da Ilha, também critica a falta de transparência  do processo. “O prefeito não dialoga com a cidade”, declarou à Rádio Campeche, em recente entrevista.
Mesmo entre vereadores de partidos do mesmo espectro político do prefeito, o projeto enfrenta resistência. O vereador Maikon Costa (PL) considera inaceitável que o projeto não contemple um calendário mínimo de discussão comunitária. “Que o plano precisa de revisão é consenso, mas envolve inúmeros interesses difusos e contraditórios; o que queremos com audiências é que haja um rito ordeiro e transparente, contemplando diferentes visões de cidade”.
Costa disse defender até que, durante a discussão do projeto, os vereadores abram mão de seus sigilos bancário e telefônico, para maior transparência do processo. O presidente da Associação de Moradores do Campeche (Amocam) – até 15/12, quando passa o bastão para a nova presidente Roseane Panini -, e membro ativo do Conselho da Cidade indicado pela União Florianopolitana de Entidades Comunitárias (Ufeco), Alencar Vigano, por sua vez, critica a pressa na aprovação do projeto, quando pelo Estatuto das Cidades a revisão teria até 2024 para ser concluída.
Mesmo no Conselho da Cidade, segundo ele, a tramitação do projeto seria controversa, com restrição de acesso ao texto por parte de votantes não alinhados. O dirigente defende que seja fixado um calendário de audiências públicas em toda a capital. “Somente no Sul da Ilha seriam necessárias audiências em três regiões, na Planície do Campeche, Ribeirão da Ilha e Pântano do Sul”. Vigano vê risco à legitimidade do processo se não contemplar adequadamente a participação popular. (Foto: Divulgação/Arquivo/JC)