Angelo Poletto Mendes/Redação JC
Principal líder de oposição ao governo municipal na Câmara, o ex-deputado estadual, vice-prefeito e atual vereador em terceiro mandato consecutivo, Afrânio Boppré (Psol), defende a participação popular na discussão da revisão. “Esse debate não pode ser atropelado como foi no passado recente. Ele não pode ser fruto de uma discussão de gabinetes, pensado por poucos e votado em convocação extraordinária da Câmara, como quis o prefeito Gean, no início de 2021”, protesta o vereador.
Boppré é o autor de dois requerimentos acerca do plano diretor, aprovados recentemente na Câmara, com apoio unânime. O primeiro propõe a contratação de empresa especializada para subsidiar tecnicamente os vereadores na análise do projeto de revisão. “O vereador por melhor formação que tenha, não sabe de tudo, ainda mais em se tratando de matéria tão complexa”, ponderou.
O vereador entende que o próprio texto do projeto pode ser contestável, se contiver a mesma matéria rejeitada em janeiro. “O artigo 59 da Lei Orgânica do Município estabelece que uma vez rejeitada, a mesma matéria não pode tramitar no mesmo ano legislativo”, disse. O outro requerimento do vereador foi no sentido de resguardar a participação popular, com a realização de audiência pública para discussão da metodologia de apreciação do projeto de revisão.
‘Precisamos de muito debate e participação popular; ouvir quem estuda, pesquisa, trabalha, empreende e também quem vive em cada canto dessa cidade. Se continuarmos nesse ritmo, teremos uma cidade cinza, da ganância e do lucro. Essa é a cidade que queremos?’, questiona. “Nosso meio-ambiente está agonizando. Nossas praias, rios, lagoas, dunas, fauna e flora estão ameaçados. Nosso crescimento está fora de controle, desordenado. Exemplos de desastres e crimes ambientais não faltam”.
Para o vereador, o cerne do projeto revisionista será franquear cada vez mais o adensamento urbano, que ‘só acontece na visão deles por meio da verticalização, quando se pode adensar sem verticalizar”. Para ele, será muito importante a mobilização popular nesse processo. “Se não houver, eles vão passar por cima e verticalizar tudo, inclusive o Campeche”, alerta Boppré. ‘Estamos desafiados a fazer o futuro de Florianópolis diferente do modelo que está projetado por um pequeno grupo local’, completou.
(Foto: CMF/Divulgação/JC)