Angelo Poletto Mendes/Redação JC
Em meio à tristeza pela destruição do rancho e planos para a reconstrução, os pescadores locais estão esperançosos de que a temporada da tainha deste ano seja boa, pelo menos melhor do que a do ano passado, considerada uma das mais fracas dos últimos tempos no Campeche. “Temos informações que tem muito peixe na Lagoa dos Patos, inclusive peixe grado; se der uma quadra boa, favorável, teremos uma safra muito boa”, assinala Pedro Inácio.
Quadra boa, no jargão nativo, quer dizer condições climáticas favoráveis (vento e frio, na medida certa). Despojado de sua estrutura, Pedro revela que está atuando nesta temporada com uma canoa emprestada – cedida gentilmente pelo rancho do também saudoso Francisco Alexandrino Daniel, o Seu Chico – que é deslocada diariamente de sua casa, nas imediações da Rua das Corticeiras, puxada por um jipe, para a beira da praia.
Para isso, contou inclusive com a ajuda da intendência local, que fez alguns ajustes numa pequena rua de acesso à praia, para permitir a passagem da canoa. O pescador informa que está tentando obter agora, junto à Prefeitura da capital, a cessão de uma tenda temporária para abrigar a camaradagem, que enfrenta sol e chuva na areia da praia, à espera das tainhas. “Estamos ficando ao relento todos os dias, antes das seis horas”, lamenta.
A segunda temporada da tainha, em meio à pandemia, começou em 01/05 novamente com uma série de regramentos sanitários. Pelo segundo ano consecutivo, não houve a tradicional Missa de Abertura da Safra, que acontecia no Campeche há quase 15 anos, por causa da pandemia. A pesca artesanal da tainha envolve, em todo o estado, cerca de 12 mil pessoas, segundo estimativas da Federação dos Pescadores de Santa Catarina. No ano passado, foram capturadas quase duas mil toneladas de tainha no estado.
(Foto: Pedro Inácio/Divulgação/JC)