Angelo Poletto Mendes/Redação JC
Um dos últimos remanescentes do arcaísmo estrutural do Sul da Ilha começa a chegar ao fim, com o ingresso da Casan no serviço de abastecimento de água do distrito do Pântano do Sul, no extremo-sul da região. Com um atraso de pelo menos 20 anos em relação aos principais bairros do Sul da Ilha, a concessionária assumiu em meados de abril o atendimento do local, substituindo o serviço de abastecimento alternativo, sob gestão da associação de moradores local.
O ingresso da companhia no bairro teve ares de solenidade, levando ao local até mesmo a presidente da empresa, Roberta Maas dos Anjos, para acompanhar as primeiras ligações e conversar com moradores. Só na primeira semana, foram mais de 100 ligações. “É um momento muito importante para a Casan, pois a companhia cumpre seu papel social de atender essa comunidade com água de qualidade, que segue todos os padrões do Ministério da Saúde”, destacou a dirigente.
Um dos principais entraves para a expansão da rede no local, segundo a Casan, é a documentação legal, especialmente de propriedades muito antigas, grande parte delas parceladas, mas não regularizadas. “Vamos buscar em parceria com a Câmara uma forma de viabilizar o abastecimento”, assinalou a presidente Roberta. Paralelamente às ligações, a concessionária também promoveu a manutenção nas bombas dos poços da rede alternativa, permitindo esse sistema de operar.
Morador do Pântano há 50 anos, o funcionário público Júlio Cesar Duarte foi um dos primeiros proprietários a receber a nova ligação, informou a Casan. A chegada da empresa ao Pântano foi bem recebida também por lideranças comunitárias. “Acho muito positiva, porque essa operação da água consome toda a força ativa da associação, deixando em segundo plano outras funções importantes na defesa do bairro”, observou o historiador e ex-delegado distrital do bairro, Gert Schinke.
O líder comunitário teme, no entanto, que esse abastecimento acabe deixando a desejar, por conta das conhecidas limitações dos mananciais da Casan para atender o Sul da Ilha, especialmente a Lagoa do Peri. O dirigente também vê risco de que a chegada da Casan sirva como senha e chancele polêmicos empreendimentos imobiliários que grassam pela região. O Pântano do Sul tem uma população estimada em mais de 2.500 habitantes.
(Foto: Casan/Divulgação/JC)