Angelo Poletto Mendes/Redação JC
Depois de mais de um ano em níveis críticos, que suscitou até especulações sobre possível colapso de seu ecossistema e levou à redução drástica da captação de água do manancial para abastecer a Costa Leste-Sul da Ilha, a Lagoa do Peri está novamente com seus volumes normalizados, estimados em mais de 20 milhões de litros. As chuvas intensas de janeiro, conforme meteorologistas da Epagri/Ciram, bateram novo recorde, com precipitação de mais de 680 milímetros ao longo do mês, quase três vezes a média na região, que é de 200/250 milímetros mensais.
A recarga vem se mantendo também por conta das precipitações regulares, que vêm acontecendo ao longo de todo o verão, e também da manutenção de cotas restritas de captação para fins de abastecimento. Desde as restrições à captação, por conta dos níveis críticos de seu reservatório, a Casan estaria extraindo cerca de 50% do volume da outorga, que é de 200 litros por segundo. Com isso, a complementação do abastecimento da Costa Leste-Sul é feita por meio de água oriunda do lençol freático do Campeche.
A empresa informou que também está executando a conexão do Sul da Ilha ao Sistema da Grande Florianópolis, o que reduzirá drasticamente a dependência da água da Lagoa do Peri. Apesar da recuperação de seus níveis, a Prefeitura informa que mantém monitoramento constante do manancial, através da Floram (Fundação Municipal do Meio Ambiente). No ano passado, durante o período mais crítico, a água da lagoa teria passado por exames para detectar a presença de bactérias potencialmente tóxicas, mas as concentrações encontradas foram baixas, compatíveis com as exigências da legislação sanitária.
“O Monumento Natural Municipal Lagoa do Peri (MONA-Peri) é de extrema importância para o município. Além de ser a casa de inúmeras espécies de animais silvestre e vegetações nativas, a sua água doce é responsável por grande parte do abastecimento da região Sul da Ilha. No verão, o local vira atração também por conta de suas águas calmas, ideais para crianças”, assinala o geógrafo Cid Neto, do Departamento de Unidades de Conservação da Floram.
Neste ano, a Lagoa do Peri recebeu, pelo sexto ano consecutivo, o certificado internacional Bandeira Azul, que atesta sua qualidade em diversos quesitos, entre eles infraestrutura, segurança, acessibilidade e gestão ambiental. A premiação é concedida pela ONG FEE (Foundation for Environmental Education), no Brasil representada pelo Instituto Ambientes em Rede. O MONA Peri é uma das 20 Unidades de Conservação do município, nove das quais administradas pelo Departamento de Unidades de Conservação (Depuc) da Floram. O espaço abriga centenas de plantas e animais espalhados numa área total de 42 quilômetros quadrados. (Foto: Leonardo Sousa/PMF/Divulgação/JC)