Angelo Poletto Mendes/Redação JC
Apesar da resistência comunitária, o projeto do polêmico emissário submarino de esgoto não está paralisado. Após encaminhar ao Instituto de Meio Ambiente estadual (IMA) as respostas a cerca de 80% dos questionamentos originários de audiência pública, a última delas bastante tumultuada, a Casan está às voltas agora com duas novas ações complementares solicitadas pelo instituto, informa o engenheiro químico da área de Meio Ambiente da companhia, Alexandre Trevisan.
A primeira, conforme ele, de âmbito técnico-operacional, envolve a realização de estudos de novas modelagens de extensão e dispersão do efluente, que já estaria inclusive contratada. E a segunda, não menos importante, a realização de uma pesquisa de opinião pública, junto à comunidade do Sul da Ilha e Lagoa da Conceição – também contemplada na operação inicial do projetado emissário -, que estaria sendo estruturada para iniciar em breve.
Trevisan acredita que o emissário pode obter a licença ambiental prévia até o final deste ano, o que permitirá então à companhia dar a largada ao projeto executivo, que contemplará definição de traçados, blocos de ancoragem e outros equipamentos acessórios. O emissário submarino projetado para o Campeche, conforme ele, contempla tubulação com 90 centímetros de diâmetro e 5,5 quilômetros de extensão, situado cerca de três quilômetros da face norte da Ilha do Campeche. Com capacidade de despejar 1,9 mil litros por segundo, tem custo estimado em mais de R$ 140 milhões.
O engenheiro reafirma que considera o emissário a melhor solução para o destino final do efluente de esgoto da região. “Sob o ponto de vista ambiental, tenho a convicção que é uma solução segura para a dispersão do efluente gerado no Sul da Ilha”, afirma. A hidrodinâmica marinha, por sua vez, ressalta ele, possui características bastante diversas de rios e lagoas, com capacidade de depuração e dispersão muitíssimo superior. “É incomparável a capacidade de dispersão com a lagoa, por exemplo”, comenta.
Ele descarta também riscos às balneabilidade das praias. “Para isso, existem os estudos”, alega. O efluente a ser lançado via emissário, garante ele, não será in natura, mas tratado em nível secundário, padrão teoricamente similar aquele que vazou na lagoa artificial da estação da Lagoa. Trevisan alega que sistemas de fossa e sumidouro, como os existentes no Campeche e região, não são eficientes por longo tempo em locais de alta densidade populacional e lençol freático aflorado.
Acerca do desastre ambiental na Lagoa, Trevisan entende que não houve negligência da Casan na manutenção da estação. Para ele, o episódio foi uma intercorrência das chuvas intensas que castigaram a capital num curto período. “A lagoa de evapoinfiltração está instalada numa depressão natural do terreno e a encosta de duna acabou deslizando pela força das águas”, explica. O engenheiro questiona também a responsabilidade da Casan pelo episódio da mortandade de peixes. “Não existe nenhuma comprovação científica até agora que comprove o vínculo do efluente com essa ocorrência”, alega. (Foto: Casan/Divulgação/JC)