Angelo Poletto Mendes/Redação JC
A efervescência do mercado imobiliário regional só não é maior porque a disparada dos preços assustou muitos investidores, gerando temores de uma possível ‘bolha de preços’ que não se sustentaria no médio prazo. Muitos imóveis valorizaram mais de 50% e outros chegaram a dobrar de preço em poucos meses, no Campeche, Rio Tavares e região.
“Quem está esperando recuo de preços vai se decepcionar e perder dinheiro; não existe espaço para o retorno a patamares anteriores; o máximo que pode acontecer é a estabilização dos preços”, avisa o corretor de imóveis William Casagrande, diretor da imobiliária Habiflex, no Campeche. Além da ‘velha’ lei da oferta e procura, Casagrande ressalta que outro fator determinante para a valorização da região é a própria escassez de produto.
“Se tu pegares o mapa do Campeche hoje, é fácil verificar que todas as grandes áreas já foram loteadas e vendidas; temos pouquíssimas áreas ainda disponíveis”, pondera. O perfil predominante de novos moradores, conforme Casagrande, é de migrantes de outros estados, principalmente de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e mais recentemente também do próprio Rio de Janeiro.
“Para esses públicos, que geralmente investem aqui após se desfazerem de imóveis nos seus estados, geralmente de valores também altos, os nossos preços não assustam”, analisa o corretor. “Enquanto tiver consumidor e faltar imóvel, a tendência é valorizar cada vez mais”, arremata.
A nova expansão imobiliária do Campeche e Sul da Ilha, não por acaso, foi farejada com bastante antecipação também pelas grandes redes varejistas, que ‘não chutam cachorro morto’. Sentindo o ‘cheiro do dinheiro’, a região até pouco tempo carente de grandes lojas ganhou, quase como num passe de mágica, duas novas redes atacadistas, três novas grandes lojas de material de construção e uma tradicional loja de móveis e eletrodomésticos, entre outras empresas.
Nem todos, no entanto, vem com bons olhos o novo status da região. O ex-presidente da Associação de Moradores do Campeche (Amocam), Ataíde Silva, acredita que esse crescimento exorbitante do bairro gera um passivo estrutural que vai cobrar seu preço no médio e mesmo curto prazo. “A geração de empregos, desde que contemple os moradores da região, é sem dúvida positiva; mas o impacto de vizinhança, segurança, mobilidade, água e esgoto são muito fortes e vão impactar sobre todos”, pondera. O líder comunitário critica também a falta de compensações sociais, comunitárias e urbanísticas dos novos empreendimentos. (Foto: Sérgio Aspar/Divulgação/JC)