Angelo Poletto Mendes/Redação JC
Apesar de intensidade menor do que o histórico ciclone de dezembro de 2016, que literalmente devastou o Sul da Ilha, o novo ciclone que castigou a capital catarinense no final de junho também provocou fortes estragos e prejuízos na região. Com violentas rajadas de vento, embora de curta duração, seguidas de uma tempestade, o fenômeno denominado ciclone-bomba derrubou árvores, postes, placas de sinalização e publicidade e destelhou dezenas de imóveis no Campeche e Sul da Ilha.
De envergadura mais abrangente dessa vez, alcançando quase todo o estado, o fenômeno teve também algumas peculiaridades. Provocou nada menos do que o maior colapso da história do sistema elétrico catarinense, segundo a Celesc, decorrente da queda de centenas de postes, árvores e objetos sobre as redes de transmissão.
Mais de 1,5 milhão de unidades consumidoras teria ficado sem energia elétrica – metade do contingente catarinense -, desencadeando longa novela para o restabelecimento completo, apesar do deslocamento de centenas de equipes da Celesc para recuperação dos danos. O fenômeno também deixou um saldo de nove mortos e centenas de desalojados no estado. Em diversas cidades, foi declarado estado de calamidade. O prejuízo em todo o estado, segundo a Defesa Civil, superou R$ 400 milhões.
Em Florianópolis, foram mais de 200 mil desligamentos acidentais de energia. Na Praia da Armação, no Sul da Ilha, um telhado inteiro voou e ficou pendurado sobre a rede elétrica (foto), provocando a imediata interrupção do fornecimento de energia. Moradores estimam que a região ficou sem luz por mais de 24 horas. No Campeche e região, grande parte das unidades também ficou sem energia por várias horas; o retorno, por sua vez, não se deu de forma linear, deixando de fora algumas áreas e provocando muita revolta.
No Rio Tavares, moradores chegaram a interromper o tráfego da SC-405 para protestar contra a demora na volta da energia. Em função disso, alguns dias depois do episódio o Procon municipal chegou até mesmo a interpelar a Celesc para explicações. Embora não possa servir como a melhor referência, dada a amplitude do fenômeno, dirigente locais entendem que o evento serviu para mostrar mais uma vez a fragilidade do sistema elétrico regional, com estruturas antigas e deterioradas.
“Há tempos que vimos alertando para quedas mais frequentes de energia na região, por conta desse crescimento desenfreado e de algumas carências do sistema; esse fenômeno mostra mais uma vez que a Celesc precisa olhar também com um pouco mais de atenção para o Sul da Ilha”, assinalou o ex-presidente do Conselho de Moradores da Armação, Sérgio Aspar. (Foto: Sérgio Aspar/Divulgação/Arquivo/JC)