Angelo Poletto Mendes/Redação JC
Há pouco mais de quatro meses da nova temporada de verão, as perspectivas não são nada animadoras para o Sul da Ilha e capital catarinense . Recém se recuperando de um verão que não deixou saudades em termos econômicos – apesar do calor que predominou e até de alguns picos no movimento de turistas –, empresários da região temem que a nova temporada, que historicamente vem se tornando cada vez mais curta, seja também mais decepcionante, prejudicando a reabilitação da economia regional, abalada pela pandemia.
Embora o vertiginoso crescimento econômico e populacional do Sul da Ilha tenha tornado a região menos dependente do turismo sazonal, a pandemia estremeceu esses alicerces. O avanço do desemprego e abalo na renda das famílias, além da dificuldade de operação de vários negócios – muitos tiveram que se reinventar em meio à crise, e outros sucumbiram -, balançou a retomada econômica e torna a temporada importante para todos.
Porém, por conta da pandemia que não recrudesce, e do desgaste da imagem do país no exterior por conta da gestão titubeante de combate à moléstia, a perspectiva é que a capital receba um número reduzidíssimo de estrangeiros, principalmente de argentinos, tradicionais puxadores da temporada. “Os argentinos dificilmente virão; se vierem, serão alguns gatos pingados”, prevê o comerciante Arante Monteiro Filho, dono de tradicional restaurante no Pântano do Sul.
Mesmo os turistas nacionais devem ser bastante escassos, na opinião do comerciante, exceto se surgir até lá alguma vacina ou solução que ofereça um mínimo de segurança. “Ninguém tem confiança de nada agora, as pessoas estão assustadas, ressabiadas”, pondera. “Também não acredito no deslocamento de turistas, nestas circunstâncias, porque é no mínimo desconfortável”, assinala Carlos Krebes, dono de pousada no Campeche. O hoteleiro acredita que Reveillon e Carnaval, dois eventos puxadores de turistas, também estão ameaçados.
Krebs comenta inclusive que já destinou 50% de sua pousada para locação fixa, anual, como estratégia para fazer a travessia econômica da crise sanitária, diante do cenário pouco alentador da temporada. “Estamos desde março sem alugar um apartamento sequer”, lamenta.
Após a boa performance na primeira fase da quarentena, a capital catarinense voltou a registrar avanço da doença, passando a área de altíssimo risco, conforme nova classificação divulgação pela Secretaria estadual de Saúde em meados de julho. Situação que alcança todo litoral catarinense. A simples circulação nas praias segue com restrições. “Tomara que eu esteja enganado, mas para mim esta será uma temporada perdida”, lamenta Monteiro. (Foto: Divulgação/Arquivo/JC)