3 de junho de 2020

PROJETO de calçadão à beira mar provoca polêmica no Campeche

Angelo Poletto Mendes/Redação JC

Em meio ao tradicional período das ressacas que costuma castigar todos os anos as praias do Sul da Ilha, veio à tona recentemente um projeto de construção de um calçadão na beira da Praia do Campeche, num trecho com extensão de pouco mais de um quilômetro, para impedir à erosão provocada pelas marés que constantemente danifica diversos imóveis costeiros.
Concebido por uma empresa contratada pela Amoje (Associação dos Moradores do Jardim Eucaliptos), o projeto contempla enrocamento com 1,2 metro de largura para implantação de passeio público. O presidente da entidade, João Carlos da Silva, diz que o sistema é mais robusto que aquele utilizado na Praia da Armação, e beneficiaria não apenas os imóveis frontais, mas também trechos de duna e vegetação.
O dirigente alega ainda que o projeto foi concluído ainda no final do ano passado, embora só agora divulgado publicamente, e contaria com aval do Conselho de Desenvolvimento do Sul da Ilha (Codesul), entidade supracomunitária surgida há pouco mais de dois anos na região.
Silva garante ainda que a intenção não é recompor as propriedades dos trechos suprimidos pelas marés, mas estabilizar a erosão. Atualmente, para evitar o avanço das marés, a Defesa Civil municipal autoriza a fixação de paliçadas na região, uma contenção em madeira que precisa ser recomposta regularmente após sucumbir à força das ondas. O projeto, no entanto, enfrenta forte resistência na região.
O subprefeito do Sul da Ilha, João Bilck, acha que a edificação traria poucos benefícios à coletividade, além de ser uma solução questionável para o próprio problema. “A maré alta é recorrente, inevitável, e fatalmente acabaria deteriorando a estrutura, além de afunilar a faixa de areia no local, a exemplo do que ocorre na Armação”, comentou. O dirigente lembra que regularmente a intendência local precisa promover a limpeza de trechos da praia, após as ressacas, para retirada de entulhos e detritos. “Para os banhistas, pescadores e o próprio patrimônio natural não vejo benefício”, assinalou, lembrando que qualquer intervenção no local precisaria passar antes por amplo estudo ambiental.
O presidente da Associação dos Moradores do Campeche (Amocam), Alencar Vigano, é outro que discorda de forma veemente desta proposta. “A Amocam é contra esse projeto, que nem sabíamos da existência, mas que claramente impacta na comunidade e no meio-ambiente”, afirmou. Para o dirigente, um projeto deste tipo exigiria no mínimo a realização de audiência pública e estudos ambientais mais aprofundados. “Somos totalmente contra qualquer modificação artificial da orla”, assinalou. (Foto: Maquete/Divulgação/JC)