Conhecida por suas praias paradisíacas e paisagens de tirar o fôlego, Florianópolis esconde muitos segredos além da sua beleza natural. Fundada e colonizada por diversas correntes migratórias e etnias, Floripa mostra a influência de diversas culturas que podem ser vistas em cada canto da cidade. Seja pela gastronomia de influência alemã nos doces, no sotaque manezinho herdado dos portugueses ou no bordado de influência açoriana, é preciso estar atento para ver toda a riqueza cultural da capital catarinense.
Quem passa pelo bairro Itaguaçu, na região continental de Florianópolis, por exemplo, já é impactado por uma das principais lendas da cidade. Reza a lenda que, as pedras de Itaguaçu espalhadas pela praia de Itaguaçu são bruxas que, ao organizar uma festa, não convidaram o diabo por conta de seus maus costumes. A vingança do tinhoso veio em forma de magia, que transformou as bruxas em pedras por toda a eternidade – daí o nome Itaguaçu, de origem do Tupi-Guarani que significa “pedra grande”, pela junção de itá (pedra) e guasu (grande).
Outra manifestação cultural de Florianópolis bem conhecida na região da Lagoa da Conceição vem da influência da colonização portuguesa na cidade: a confecção de rendas de bilro. Um dos principais pontos turísticos da região, a Avenida das Rendeiras tem esse nome por conta das rendeiras tradicionais que ali viviam expondo suas rendas de bilro, hoje em dia, quase em extinção. Por toda a extensão da Avenida, restaurantes típicos oferecem uma gastronomia típica com frutos do mar e com a tradicional tainha, outra herança gastronômica portuguesa.
Folia para dar e vender marca o Carnaval da Ilha
No Carnaval, Floripa também não deixa a desejar com suas manifestações culturais. O tradicional bloco de rua do Ribeirão da Ilha, Zé Pereira, é presença garantida na Freguesia do Ribeirão. Quem procura o típico carnaval manezinho não se arrepende de participar. Gratuito, ele percorre o caminho de um quilômetro, da Freguesia ao palco do evento, com samba, músicas de carnavais antigos e, claro, as famosas marchinhas. A folia continua sem hora para acabar no palco do Zé Pereira.
Outra pérola do carnaval da Ilha é o bloco Onodi, que começou suas atividades em 1998 para descentralizar o carnaval de Floripa e também arrecadar fundos para a Banda Nossa Senhora da Lapa, do Ribeirão da Ilha. O bloco começou com os foliões sensibilizados pela banda e também pela necessidade de manter as raízes das manifestações populares tão características dos manezinhos e a sua linguagem, como um gesto de carinho pelo sotaque e histórias da Ilha. Toda essa cultura, unida com doses de amizade, cerveja e espírito comunitário fez com que, partir de 1999, o bloco desfilasse pelas ruas da capital no sábado de aleluia. Desde então, tem feito a alegria dos foliões de todas as idades ao desfilar pelo Campeche.
Encontro de bois de mamão agita Florianópolis
Não é só nos costumes, arquitetura e gastronomia, que Floripa guarda a riqueza de manifestações culturais e políticas. Os eventos realizados na cidade reforçam a fama da capital no setor turístico, como o encontro cultural “Vou botar meu boi na rua”. Durante três dias, o encontro de bois de mamão agita o Centro de Florianópolis com encenação da morte e ressurreição do boi, que conta ainda com personagens simbólicos da cidade como o vaqueiro, a cabra, o cavalinho, o urubu, a Maricota, entre outros.
Conhecido em outras cidades por “bumba meu boi”, o Folguedo do Boi de Mamão é uma tradição de origem nordestina que chegou à cidade em aproximadamente 1840. Trata-se de uma das brincadeiras de maior atração popular do folclore “manezês”. Um dos grupos mais tradicionais é o Boi de mamão do Campeche, que surgiu em 1989 a partir de um projeto cultural da Fundação Franklin Cascaes, na Escola Básica Brigadeiro Eduardo Gomes.
Maratona cultural celebra o aniversário de Floripa
Celebrado em 23 de março, o aniversário de Florianópolis também é motivo de celebrações e de diversos eventos culturais. No último ano, foi uma semana toda dedicada às comemorações, que contaram com competição de surf na praia da Joaquina, encerrada por grupos folclóricos da Ilha que contaram a história local e apresentações de DJ’s em espaços montados na Joaca. Outras atrações da celebração foram shows das Bandas Marley In Concert, Reis do Nada e Armandinho na Joaquina, com costelaço no chão e cervejas artesanais.
O Campeche não ficou de fora da festa de 2019: com o “Acordando a Cidade”, a região Sul da Ilha apresentou orquestra de choro no Ticen (Terminal de Integração do Centro). A semana contou ainda com corte de bolo, apresentação de música da Banda da Polícia Militar, bandas de jazz, pista de skate na Costeira de Pirajubaé, Samba de Terreiro e uma maratona fotográfica, entre outros eventos espalhados pela Ilha.
Cultura para valer em Floripa: Prefeitura investe na arte da cidade
Levando em conta o forte apelo cultural de Florianópolis, a Prefeitura Municipal da cidade lançou, por meio da Secretaria de Cultura, Esporte e Juventude e Fundação Franklin Cascaes o projeto cultural “Cultura pra Valer”. Com investimentos que contemplam políticas públicas, projetos e eventos, o aporte será de R$ 8 milhões para desenvolver atividades culturais integradas com políticas públicas.
O projeto foi lançado com o objetivo de promover, ampliar e democratizar o acesso à cultura na cidade, visando a inclusão social através da cultura e da arte. Com incentivos da Prefeitura e mobilizações artísticas mantidas pelos próprios manezinhos, Florianópolis segue se destacando como um polo de manifestações culturais em Santa Catarina, com atrações que atraem cada vez mais turistas. (Fonte: www.emarket.ppg.br)
13 de janeiro de 2020