Angelo Poletto Mendes/Redação JC
Nove anos depois da histórica ressaca que devastou a Praia da Armação, alterando de forma definitiva as características do tradicional balneário do Sul da Ilha, nova ressaca de forte intensidade voltou a castigar a orla local na segunda quinzena de maio. Foi a primeira ressaca do ano na região – no ano passado fenômeno similar castigou as vizinhas Caldeirão e parte do Matadeiro – deixando mais uma vez significativos prejuízos materiais e no próprio ânimo dos moradores locais, que lutam há quase uma década para resgatar a importância do balneário no cenário do turismo catarinense.
Principal intervenção urbana e de lazer implementada no balneário desde a trágica ressaca de 2010, o calçadão que possui pouco mais de 1,5 quilômetro de extensão foi quase 20% destruído pela força das ondas, principalmente por conta da locomoção das pedras do enrocamento implantado no local para proteção da orla. Mesma solução, aliás, adotada no ano passado para impedir o avanço do mar na Praia do Caldeirão, no norte da Armação, que ameaçava avançar sobre a rodovia SC-406.
A Prefeitura fez a sua parte e mostrou agilidade. No dia seguinte à nova ressaca, o prefeito Gean Loureiro, agora trajando seu inseparável boné, esteve avaliando a situação na Armação e prometeu agilidade na recuperação da área destruída. “Já determinamos que a Defesa Civil e a Secretaria de Infraestrutura façam uma avaliação dos estragos para adotarmos as medidas necessárias para recuperação”, declarou o prefeito, no dia 22/05, ressalvando contudo que qualquer intervenção só iniciaria após o ultimo final de semana de maio, visto que havia possibilidade de novo evento similar, que acabou não se confirmando.
“Vamos recuperar todo esse passeio, fazer uma nova sinalização com pintura completa , recuperação dos deques e o reposicionamento melhor desse muro de contenção”, assinalou Loureiro. O discurso do prefeito agradou em cheio aos moradores da outrora badalada Armação, mas não totalmente, porque não fez referência ao sonhado projeto de engorda da praia, que vem sendo prometido desde o final da segunda gestão do ex-prefeito Dário Berger.
A própria implantação do calçadão , no final de 2012, que custou cerca de R$700 mil bancados pelo município, aconteceu como uma espécie de compensação pela perda, ainda em circunstâncias um tanto confusas, de uma verba de R$ 13 milhões do governo federal para recuperação mais ampla do balneário. Outros R$ 10 milhões emergenciais foram aplicados no enrocamento (deposição de rochas) numa extensão de 600 metros para proteção da orla.
O sonho da comunidade local, no entanto, segue sendo a engorda da faixa de areia da Armação em toda sua extensão, de cerca de 1.750 metros. “Passamos o governo anterior inteiro esperando pela prometida apresentação deste projeto de engorda, que até hoje não aconteceu”, lamenta o ex-presidente do conselho comunitário e atual presidente do Conselho de Desenvolvimento do Sul da Ilha (Codesi), Sérgio Aspar.
A ressaca histórica que castigou a Armação em 2010 se prolongou por semanas e danificou nada menos do que 46 residências, destruindo outras 16, de acordo com dados da Defesa Civil à época, causando enormes prejuízos para muitas famílias e à própria morfologia do balneário. Somente a polêmica deposição das rochas no local, em caráter de emergência, conseguiu conter a força das ondas e restabelecer relativa normalidade no balneário.
(Foto: Cristiano Andujar/Divulgação/JC)