7 de junho de 2019

CASAN alega que sistema é melhor alternativa para solucionar efluente

Angelo Poletto Mendes/Redação JC

A Casan entende que o emissário submarino é a solução técnica mais adequada para o destino final do efluente tratado na futura estação de saneamento do Rio Tavares, tanto do ponto de vista ambiental quanto financeiro. O engenheiro da área de meio-ambiente da empresa, Alexandre Trevisan, alega que as alternativas postuladas ao equipamento, especialmente a infiltração no solo e o reuso do efluente tratado seriam inviáveis em termos operacionais e financeiros.
A primeira alternativa, por causa do lençol freático aflorado no solo da Ilha, que dificultaria sua reabsorção, e o segundo por causa do descompasso entre o volume de efluente produzido e o potencial de reuso efetivo. Além disso, esse processo imporia ainda a necessidade de construção de reservatórios e de uma rede específica, cujos custos seriam superiores ao próprio emissário, estimado em mais de R$ 200 milhões.
O lançamento definitivo no Rio Tavares também é apontado como inviável por causa do volume de efluente. O engenheiro garante, contudo, que o projeto do emissário é sustentável, embasado em estudos de campo – correntes marinhas, ensolação e ventos, entre outras variáveis – que demandaram vários anos. O equipamento estaria projetado para instalação cerca de quatro quilômetros ao norte da Ilha do Campeche, numa extensão de cinco quilômetros mar adentro.
Além disso, o efluente ganhará tratamento terciário, considerado o estágio mais avançado neste tipo de processo, que resultará num resíduo altamente depurado. “Sem tratamento, esse tipo de lançamento pode ser perigoso, mas estamos falando de um efluente com tratamento superior”, assinalou. O engenheiro alega ainda que o próprio lançamento do efluente a partir da estação do Rio Tavares poderá ser fiscalizado pelos órgãos ambientais.
Ao contrário dos mapas divulgados, ele garante ainda que o emissário do Campeche será destinado exclusivamente à solução de esgoto do subsistema Sul, que abrange da Lagoa da Conceição à Caieira da Barra do Sul. Embora o mapa ainda contemple alguns bairros do oeste da Ilha (Sambaqui, Santo Antônio de Lisboa e Cacupé), além do Saco dos Limões e parte do centro, Trevisan alega que já existem outras soluções para o efluente destas áreas. “Em 2010, havia essa concepção, mas já está descartada”, disse.
Apesar disso, o emissário do Campeche está projetado para ser o maior de Santa Catarina, com noventa centímetros de diâmetro e capacidade de lançamento de 1,9 mil litros por segundo. Só ficará atrás do futuro emissário de Moçambique, esse ainda mais embrionário, que terá a função de expelir o efluente do Norte da Ilha, atualmente todo ele majoritariamente lançado em pequenos cursos de água locais. Antes de chegar à praia, o emissário do Campeche percorrerá outros cinco quilômetros por via subterrânea, a partir da estação.
Apesar da polêmica, a eventual implantação do equipamento ainda deve demandar pelo menos mais cinco anos, envolvendo intrincados licenciamentos ambientais, viabilização sócio-econômica e instalação das estruturas. No horizonte próximo, o maior desafio para a Casan segue sendo a definição do destino provisório do efluente após a conclusão da rede do Campeche, prevista para o final deste ano, permitindo finalmente a sua entrada em operação quase 12 anos depois de seu início. (Foto: Divulgação/Arquivo/JC)