Angelo Poletto Mendes/Redação JC
Em meio à turbulência surgida a partir da divulgação de um recente estudo que põe em xeque a viabilidade de conclusão do novo acesso ao Sul da Ilha em outubro próximo, o governador Carlos Moisés reafirmou que está mantida a previsão de entrega da nova rodovia no décimo mês do calendário deste ano. Segundo ele, na pior das hipóteses será liberada ao menos uma das pistas do trecho, conectando à rodovia da Tapera e SC-405, abrindo novo flanco de acesso ao Sul da Ilha, bem como ao futuro novo aeroporto da capital.
A Secretaria de Infraestrutura estadual informa que as obras seguem em ritmo normal, focadas na conclusão no prazo previsto pelo governador. Caso a obra não seja entregue completa com pistas duplicadas em todos os lotes, em função de entraves operacionais, está prometida ao menos a liberação de pista simples. A secretaria informa ainda que os maiores obstáculos ao deslanche mais acelerado da obra decorrem de dificuldades na solução de algumas desapropriações, devido a carências documentais dos proprietários.
No início deste ano, o governo exaltou o desfecho de 59 desapropriações, que abriu mais 800 metros para execução dos trabalhos no trecho mais atrasado da obra, o Lote 1B, que iniciou há pouco mais de um ano após arrastada novela para obtenção dos licenciamentos ambientais. Esse trecho possui pouco mais de 1,4 quilômetro de extensão. Ainda restam, contudo, importantes e onerosas desapropriações a serem equacionadas, inclusive no Lote 1A, que vai do Trevo da Seta ao viaduto de Carianos, um dos mais avançados.
O estudo divulgado pela federação das indústrias do estado, cujo foco é notadamente o acesso ao novo e badalado aeroporto em construção pela concessionária suíça, sem se ater a sua alta relevância para o Sul da Ilha, aponta diversos impeditivos operacionais para a entrega da obra no prazo. Entre os principais estão o problema de mobilidade para o transporte de materiais pesados trazidos de São José para obra, além da lentidão na construção do viaduto próximo ao estádio da Ressacada.
Linha de frente na execução dos trabalhos, com atuação diária diretamente no canteiro de obras da rodovia, o superintende do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), Cléo Quaresma, confirma a viabilidade de entrega no prazo estipulado pelo governador. “Nosso maior problema são as desapropriações, algumas com deficiência de documentação que torna o processo moroso”, reforça o dirigente.
A se confirmar a entrega mesmo que parcial da nova rodovia em outubro, o Sul da Ilha ganhará finalmente uma alternativa de acesso, que poderá aliviar o drama dos congestionamentos por um bom tempo. Moradores da porção sul do Campeche e demais bairros da região tenderão a usar o novo acesso, enquanto moradores do Rio Tavares, norte e centro do Campeche devem seguir acessando pela rodovia SC-405. Mas é bom pisar em ovos, porque não se deve ignorar o risco de conseguirem a proeza de entregar o acesso ao novo aeroporto sem beneficiar o Sul da Ilha, por pouquíssimos metros.
Com intuito de reafirmar mais uma vez o compromisso do governo estadual em liberar a nova rodovia ampliada no final de outubro, conforme prometido, mesmo que eventualmente em pista simples, o secretário estadual de Infraestrutura, Carlos Hassler, se comprometeu em deflagrar nova fase de negociações intensivas acerca de desapropriações, a partir do início de maio, permitindo o deslanche mais efetivo da obra. A promessa foi feita durante audiência pública(foto) realizada no final de abril, na Igreja Batista de Carianos, que reuniu cerca de 200 pessoas. (Foto: Divulgação/JC)