30 de abril de 2019

DESAFIO de comprovar eficácia ou sofisticar fila diária no Sul da Ilha

Angelo Poletto Mendes/Redação JC

Passada a euforia pela sua liberação ao tráfego, depois de arrastada novela, o elevado do Rio Tavares tem a partir de agora o desafio de comprovar sua eficácia para pelo menos atenuar o drama dos congestionamentos que castigam os moradores e empreendedores do Sul da Ilha. Em meio ao crescimento vertiginoso do Campeche verificado nos últimos dois anos e que tende a se acentuar após a inauguração do imponente monumento, paira sobre ele sérias dúvidas sobre o tempo de vida útil efetiva que terá como equipamento funcional.
“O elevado será sem dúvida uma obra decisiva para melhorar a mobilidade urbana local, mas que precisa ser complementado com o novo acesso ao Sul da Ilha para resolver de vez o problema da região”, assinala o secretário municipal de Infraestrutura, Valter Gallina. O dirigente informa que a Prefeitura fará monitoramento do equipamento, não descartando alguma intervenção pontual na sua operação. Acerca da implantação de terceira pista entre o trevo do Rio Tavares e o Trevo do Campeche, que aumentaria a eficácia do elevado, Gallina avisa que o projeto prossegue em fase de estudos preliminares.
Embora reconheçam a importância do elevado não só como equipamento viário, mas também como elemento de valorização da própria região, alguns dirigentes comunitários temem poucos resultados na solução efetiva do tráfego local. “Teremos alguns ganhos, sem dúvida, mas o afunilamento continuará igual tanto para quem sai do elevado quanto para quem faz o sentido centro-Sul da Ilha, que é o tráfego predominante na região”, observa o engenheiro Sérgio Aspar, presidente do Conselho de Desenvolvimento do Sul da Ilha (Codesi).
Esses dois sentidos responderiam por 75% dos cerca de 55 mil veículos diários que trafegam pelo local, contra 25% dos outros quatro sentidos de fluxo. Aspar considera inclusive que o projeto se amparou numa concepção invertida de prioridade de fluxo, que deveria reservar o percurso sobre elevação para os de menor impacto, privilegiando o caminho livre para a demanda predominante. Para o dirigente, é possível até que a Prefeitura precise rever o fluxo Lagoa-Sul, voltando a impor o acesso por via secundária, ao invés do trevo.
O presidente da Associação dos Moradores do Campeche, Alencar Vigano, lamenta a falta de incentivo a outros modais de transporte na concepção do elevado – ônibus, ciclistas e pedestres -, privilegiando o transporte individual. Na fase de elaboração do projeto chegou a se ventilar a inserção de um corredor de ônibus, que depois acabou descartada. “Reconhecemos a importância da obra, até como valorização da região, mas é lamentável que não se tenha tido um olhar para o coletivo”, pondera. Para ele, com o crescimento geométrico que vem ocorrendo no Campeche, existe sério risco do elevado resultar apenas na ‘gourmetização da fila’, pelo menos até a esperada conclusão do redentor novo acesso ao Sul da Ilha. (Foto: Leonardo Sousa/Divulgação/JC)