Angelo Poletto Mendes/Redação JC
Um novo entrave ambiental pode retardar por mais 12 meses a entrada em operação da primeira rede de esgoto do Campeche, prevista para acontecer no início da próxima temporada, após mais de 10 anos de obras. Isso porque o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) vetou, no último trimestre do ano passado, o lançamento do efluente produzido pela Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Rio Tavares no rio de mesmo nome, ainda que em caráter provisório, até a viabilização do polêmico emissário de esgoto do Campeche.
O motivo para o veto é que o rio que receberia o efluente passa por dentro do mangue da Reserva Extrativista do Pirajubaé, maior área de mangue da Ilha de Santa Catarina e primeira reserva extrativista criada no Brasil, impactando no ecossistema local. Gestor da unidade ambiental, o órgão oferece como alternativa provisória de despejo do efluente um sistema de valas de amortecimento situado no Saco dos Limões, no aterro da Via Expressa Sul.
Essa alternativa, conforme o gerente de Construção da Casan, Fábio Krieger, obrigará a execução de uma nova rede com cerca de 17 quilômetros extensão, para condução do efluente, que demandará pelo menos 12 meses para ficar pronta, e deve custar em torno de R$ 20 milhões. O imbróglio, contudo, dessa vez ainda não provocou nenhuma nova interrupção no andamento das obras da rede de esgoto do bairro, marcada por sucessivas paralisações desde seu início em meados de 2008.
Pelo contrário, as obras da estação do Rio Tavares ganharam impulso e já começam a ganhar envergadura. Crucial para viabilizar a operação da rede de esgoto e etapa mais cara do sistema implantado no bairro, orçada em R$ 34 milhões, a unidade está prevista para ficar pronta no final deste ano. Terá capacidade para tratar o esgoto de uma população de até 90 mil habitantes, em nível terciário, com geração de efluente de baixíssimo residual químico e orgânico. Inicialmente, contudo, vai atender uma população de 25 mil habitantes.
A estação será interligada a uma rede de 58 quilômetros de tubulações subterrâneas, dos quais 80% já instaladas, e oito estações elevatórias também já edificadas. Conforme Krieger, após o Carnaval deve ser iniciada a última etapa pendente da rede, com a instalação de tubulações ao longo de toda a Rua do Gramal, além de um pequeno trecho da Pequeno Príncipe.
EMISSÁRIO – Acerca do polêmico emissário de esgoto projeto para o mar do Campeche, cujos estudos e relatórios de impacto ambiental (EIA/Rima) foram recentemente liberados pelo Instituto de Meio-Ambiente estadual (IMA) para discussão pública, a Casan informa que só aguarda o sinal verde do órgão ambiental e da Prefeitura para realização de audiência pública.
Somente após discussão pública do projeto e dirimidos questionamentos técnicos, a empresa estará apta a requerer a Licença Ambiental Prévia (LAP), que lhe permitirá buscar fontes de financiamento para o polêmico emissário, que tem custo estimado em cerca de 50 milhões de dólares. O emissário projetado para o Campeche consiste numa tubulação submarina com extensão de cinco quilômetros, diâmetro de 1,2 metro e capacidade para o despejo de mil litros de efluente por segundo. Cópias do EIA-Rima, informa a Casan, estão disponíveis para consulta pública nas unidades da empresa na Costa Sul-Leste (Ribeirão da Ilha), Centro e Estreito, além do site do IMA.
(Foto: Infracon/Divulgação/JC)