Angelo Poletto Mendes/Redação JC
Enquanto a maioria dos moradores do Sul da Ilha voltou a dormir tranquila, dezenas de famílias da região permanecem com o sono sobressaltado quase três meses depois da devastadora enxurrada que isolou a região por dois dias e deixou enorme rastro dos prejuízos. São aqueles que residem diretamente no entorno do Rio Tavares, região de contumazes alagamentos e, não obstante, alvo de escassa atenção do poder público.
“Até agora eles não vieram aqui limpar as tubulações depois da enchente; qualquer chuva mais forte a gente já acorda assustado”, lamenta Altair Manoel, nativo e morador da região há mais de 40 anos. Voluntário na ajuda aos atingidos durante a enxurrada, em janeiro, ele está produzindo um relatório com 16 páginas contando o drama vivido pelos moradores durante o evento, com fotos e reprodução de reportagens acerca do episódio.
O objetivo do relatório, explica Manoel, é pleitear junto à Prefeitura a dragagem do rio, no trecho de cerca de quatro quilômetros entre a ponte e a foz, em Carianos. Visivelmente assoreado, com detritos e vegetação aflorando nas margens e até no miolo, o trecho seria a principal causa dos alagamentos, que acabam gerando prejuízos à população e à própria economia da região.
O documento, avisa Manoel, será concluído até o final de abril e encaminhado à Prefeitura por intermédio do Conselho Comunitário da Fazenda Rio Tavares. Moradora da região há quase 20 anos, em rua paralela à SC-406, Grasiela Bilieri conta que já teve a casa inundada por três vezes, a mais dramática neste ano. A situação teria se agravado após as obras do elevado e de novo loteamento no entorno. “O prejuízo foi enorme, perdemos quase todos os móveis, além de colchões e utensílios em geral”.
O intendente licenciado do Campeche, Edi Gonçalves, garante que a unidade tem intervido na região, com apoio da Secretaria de Obras. “Recentemente, fizemos uma ampla limpeza no trecho do rio entre o elevado e a nascente, lá na Pedrita”, assegurou. Sobre a dragagem no trecho pleiteado, alega que demandaria equipamentos especiais, por conta da proximidade de moradias e limitação de espaço para atuação do maquinário. (Foto: Altair Manoel/Divulgação/JC)