Angelo Poletto Mendes/Redação JC
Com o término do Carnaval, no começo de março, chegou ao fim também mais uma temporada de veraneio na capital e litoral catarinense. A temporada se encerrou com um misto de frustração e preocupação para a maioria dos empreendedores da capital. A projeção de uma temporada gloriosa no litoral catarinense feito pelos órgãos estaduais, com crescimento de 20% no número de visitantes sobre o verão anterior, ficou muito longe da realidade. “Em termos de clima foi muito bom, mas em termos de movimento foi fraco o tempo todo”, assinala o comerciante Arante Monteiro Filho, dono de conhecido restaurante no Sul da Ilha.
Monteiro conta que o sistema de buffet do restaurante, que todos os anos funcionava diariamente durante a temporada, neste foi ativado apenas aos finais de semana, para ‘não estragar comida”. O comerciante estima redução no número de turistas de todos os polos emissores, principalmente paulistas e gaúchos. Os argentinos, normalmente apontados como ‘a salvação da lavoura’, também vieram em menor número e estão ainda mais comedidos nas despesas. “Eles vieram para passear, não para gastar”.
Com predomínio de turistas mais econômicos, que priorizaram compras em supermercados aos gastos em bares e restaurantes, esta vem sendo considerada ‘a temporada da farofa’ pelos comerciantes e prestadores de serviço em geral. “Vi argentinos jantando e tomando café da manhã no próprio carro”, relata. “Pela primeira vez na vida vi uma família inteira fazendo churrasco na praia do Campeche, com cachorro e tudo”, comentou um prestador de serviço local.
Poucos segmentos tem motivos para comemorar. Possivelmente, os supermercados foram os únicos que conseguiram fazer ‘gordura’. No ramo de locação de imóveis e hotelaria, a temporada também foi considerada decepcionante. Depois da virada do ano, sobraram casas, apartamentos e muitas acomodações no Campeche e Sul da Ilha. “Foi uma das piores temporadas dos últimos anos”, comentou a corretora de imóveis Nágila Muller, especializada em locação de veraneio no Campeche e região.
Além da crise, a maioria culpa também o governo pela temporada decepcionante, porque ‘venderam a ilusão de uma temporada espetacular” nas previsões. Diante deste cenário, muitos teriam ‘crescido o olho’ nos preços de locação, afugentando turistas e contribuindo para o prejuízo geral da temporada. Até o Reveillon e a primeira quinzena de janeiro, que normalmente alavancam a rentabilidade da temporada, neste ano foram frustrantes para a maioria dos bares e restaurantes da capital.
“Todos os anos é isso, eles iludem todo mundo com números otimistas e nós é que ficamos com o prejuízo”, comentou Monteiro. “Tá na hora do governo repensar seus órgãos de turismo, são sempre as mesmas pessoas, as mesmas ideias; precisamos de inovação”, opina. Depois da decepção, resta agora a preocupação para todos, porque a temporada é historicamente um período em que a maioria armazena gordura para enfrentar os períodos mais magros da baixa temporada. (Foto: Milton Ostetto/Divulgação/JC)