Angelo Poletto Mendes/Redação JC
Em meio a umas das maiores crises da história política brasileira, as eleições à Câmara de Vereadores da capital tiveram um resultado surpreendente, com uma renovação poucas vezes vista antes no Parlamento municipal, que beirou os 50%. Dos 23 eleitos, 11 não compõem a atual legislatura, sendo que 10 deles serão estreantes no Parlamento a partir de 2017. Entre os 10 mais votados, cinco são novatos na atividade política formal.
Outros aspectos peculiares da eleição na capital foram a faixa etária dos eleitos, a maioria abaixo dos 40 anos, o fortalecimento dos partidos de esquerda, em meio a um período de turbulência e guinada à direita na política nacional e a volta, depois de muitos anos, de uma mulher à Cãmara, com a eleição de Maria da Graça (PMDB), vinculada ao movimento de proteção dos animais.
O PT conseguiu manter sua representação, com a reeleição do professor universário Lino Peres, com 2.777 votos, enquanto o PSOL triplicou sua bancada. Reeleito, o economista Afrânio Boppré ganhou agora a companhia do engenheiro-agrônomo Marcos José de Abreu, o Marquito, e do farmacêutico Renato Geske. A ascensão de representantes do segmento empresarial também foi significativa, com pelo menos cinco ou seis entre os eleitos, a maior estreantes.
A surpreendente renovação na Câmara é atribuída em parte à influência provocada pela Operação Ave de Rapina, que apura atos de corrupção envolvendo alguns nomes da atual legislatura. Entre os citados na operação, apenas quatro conseguiram se reeleger, Dinho da Rosa (PMDB), Marcelo da Intendencia (PP), Roberto Katumi e Dalmo Meneses, ambos do PSD.
Os citados que fracassaram nas urnas foram Célio João, Badeko, Coronel Paixão, Deglaber Goulart, Ed Pereira e Ricardo Vieira. O campeão de votos foi Pedro Silvestre, o Pedrão (PP), que obteve a reeleição e de quebra o recorde de votos para um postulante a uma vaga no legislativo municipal no estado, com 11.197 votos. Na segunda posição outra surpresa, com a eleição do estreante Marquito, engenheiro-agrônomo residente no Morro das pedras, que abocanhou nada menos do que 5.448 votos. Afrânio completou o ‘pódio’, com 5.432 votos.
O partido que mais cresceu nesta eleição foi o PSOL, passando de uma para três vagas no Parlamento, enquanto o que mais decresceu foi o PDT, que botou quatro vereadores na eleição passada, e nesta conseguiu eleger apenas um, o ex-intendente do Campeche, Vanderlei Farias, o Lela, reeleito com 2.777 votos.
Importante frisar que dois eleitos pelo partido brizolista no pleito anterior, conseguiram permanecer na Câmara, só que dessa vez por outros partidos, casos de Tiago Silva (PMDB) e Marcelo da Intendência (PP). Por partidos, a Câmara ficou assim distribuída, em termos de representação: PMDB (4), PSOL (3), PSD (3), PP (2), PSB (2), PSDB (2) e PR, PRB, PDT, PT, PSC, DEM e PTB um representante cada.
SUL DA ILHA – O Sul da Ilha manteve praticamente inalterada sua participação na composição da futura Câmara de Vereadores, pelo menos do ponto de vista geográfico, já que alguns da atual e mesmo da própria legislatura possuem vínculos regionais meramente residenciais.
Saíram Célio João e Celso Sandrini, residentes do Ribeirão da Ilha, mas entraram Marquito, do Morro das Pedras, e Maicon Costa, de Carianos, vinculado ao movimento comunitário local. O ex-intendente do Campeche, Vanderlei Farias, o Lela, residente no Rio Tavares, prossegue na Câmara.
Também morador do Morro das Pedras, Luciano Formighieri, ex-PPS e atual PSDB, que disputava uma vaga na Câmara pela terceira vez, alcançou 1.747 votos, deixando escapar a vaga por apenas 244 votos. O candidato, vinculado ao segmento de educação à distância, se credenciou no entanto à segunda suplência do partido. Outros estreantes em disputa eleitoral residentes no Campeche foram o conhecido Isaías do Gás, que obteve 138 votos, e o artista plástico Jorge Marinho, que conquistou 298 sufrágios.
NOTA DA REDAÇÂO: Isaias do Gás informa à redação que, ao contrário do publicado na edição impressa e eletrônica do Jornal do Campeche, totalizou 226 votos no pleito municipal.
(Foto: Édio Hélio Ramos/Divulgação/Arquivo/JC)