Angelo Poletto Mendes/Redação JC
Beneficiada pela chegada do frio mais cedo neste ano, a tradicional safra da tainha promete ser uma das melhores dos últimos anos para os pescadores artesanais do litoral catarinense. Só nos primeiros 18 dias de safra, que teve início no começo de maio, já haviam sido capturados 160 toneladas do pescado só na capital, de acordo com informações divulgadas pela Prefeitura, que neste ano passou a monitorar mais de perto a atividade.
Além da tradicional missa no Campeche, que chegou a sua 11ª edição, neste ano a abertura da safra também foi marcada por uma competição de canoagem promovida pelo governo municipal, na Baía Norte, no centro da cidade. O secretário municipal de Pesca, Maricultura e Aquicultura, William Nunes, acredita que até meados de junho o volume de peixes capturado na região deve pelo menos dobrar.
Quase todas as colônias pesqueiras da Ilha têm comemorado ótimos lances, os mais expressivos em Ingleses, Santinho e Barra da Lagoa. Desafinando o coro dos contentes, no Campeche e Sul da Ilha o volume capturado até quase o final de maio ainda estava bastante tímido, garantiu o presidente da Associação dos Pescadores Artesanais do bairro, Getúlio Manoel Inácio.
“Por aqui ainda está devagar, era pra ter mais tainhas”, assinalou o dirigente, no dia 25/05. Até esse período, conforme ele, teriam sido coletadas pouco mais de oito mil tainhas entre as seis redes que atuam entre Campeche e Morro das Pedras. Nas outras duas colônias tradicionais da região, no Pântano do Sul e Naufragados, informou Getúlio, tinham sido capturadas também nesse período pouco mais de mil tainhas. O motivo para esse desempenho, de acordo com Getúlio, é que o frio tem chegado acompanhado de vento sul, o que acaba por empurrar os cardumes para mar aberto e Norte da Ilha.
Apesar do desempenho considerado mediano, a safra deste ano já supera a de 2015, uma das piores das últimas décadas na Ilha. Inácio acredita, no entanto, que a região ainda será contemplada com bons lances até o final de safra, que se estende até o final de julho. “De Laguna para trás ainda tem muita tainha”, comentou. Por causa dos baixos volumes, até o final de maio o preço da tainha nas peixarias locais continuava um pouco ‘salgado’.
Prefeitura amplia restrições ao surfe no Sul
Para apagar ‘incêndio’ surgido no Norte da Ilha, onde pescadores e surfistas teriam chegado às vias de fato devido a desavenças sobre áreas permitidas para o esporte durante a safra da tainha, a Prefeitura sancionou, no final de maio, nova lei aprovada pela Câmara que amplia restrições ao surfe durante o período da pesca artesanal. A partir de agora, passa a ser proibido também o surfe até 500 metros do canto direito da praia do Morro das Pedras e no canto esquerdo da Praia Brava, até a rua Sinésio Duarte.
A assinatura da lei, pelo prefeito da capital César Souza Júnior, aconteceu no próprio rancho dos pescadores da Praia Brava, no Norte da Ilha. “Quando tem conflito é preciso uma lei que seja dura para disciplinar as duas atividades, privilegiando os pescadores, a pesca artesanal de Florianópolis, que é forte, principalmente a pesca da tainha”, declarou o prefeito.
A nova lei também altera o período de proibição, que passa a ser de 15 de maio a 10 de julho. Fica também abolida a apreensão compulsória de equipamentos de surfe ou pesca daqueles que praticarem o esporte em áreas proibidas e dos pescadores que tentarem intervir à força.
A lei determina também o uso de bandeiras, verde e vermelha, para indicar a permissão da prática do surfe, devendo tal sinalização ser definida em reuniões nos ranchos de pesca entre pescadores, surfistas e governo municipal. Permanecem livres para a prática do surfe, conforme a Prefeitura, apenas as praias Mole e Joaquina, e frações da Lagoinha do Leste, Armação e Matadeiro. (Foto: Divulgação/JC)