Angelo Poletto Mendes/Redação JC
Paralisadas há mais de dois anos, as obras de construção da rede de esgoto do Campeche devem ser retomadas a partir de setembro deste ano. Isso pelo menos é o que prevê o gerente de Construção da Casan, Fábio Krieger, revelando que a empresa está concluindo elaboração de edital que deve ser publicado ainda em abril para contratação das obras da futura Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Rio Tavares.
A obra é essencial à operação do sistema de esgotos local, que já possui cerca de15 quilômetros de tubulações subterrâneas instaladas. A expectativa, conforme ele, é de que já em meados de maio sejam abertos os envelopes com as propostas das concorrentes, permitindo a homologação da vencedora até meados de julho. Após a conclusão desta etapa, o processo é submetido à aprovação do Ministério das Cidades, financiador das obras, que custarão no total R$ 65 milhões.
“Nossa previsão é de que a construção comece entre setembro e outubro deste ano”, assinala Krieger. Orçada em cerca de R$ 40 milhões, a estação está projetada para contemplar o tratamento de 202 litros de esgoto por segundo, em nível terciário, o que significa produção de efluente com baixíssimo grau de toxidez, umas das exigências da Fatma para licenciamento da obra.
A partir do início efetivo a construção, a estação deve levar em torno de 24 meses para ficar pronta. Só após sua conclusão, o sistema de esgoto local fica apto a funcionar, o que deve ocorrer, caso não surjam novos imprevistos, no final de 2018. Nesse ínterim, a empresa planejar instalar também os 10 quilômetros que faltam de tubulações subterrâneas e botar em operação as oito estações elevatórias que compõem o sistema, todas já construídas.
Krieger ressalta, contudo, que paralelamente ao andamento do processo de contratação das obras da estação, a empresa segue desenvolvendo os estudos exigidos pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fatma) para obtenção da Licença Ambiental de Instalação (LAI), necessária à deflagração efetiva das obras da estação. Atualmente, a empresa trabalha amparada numa LAP (Licença Ambiental Prévia). “Nossa expectativa é que a conclusão da licitação coincida com a obtenção da LAI”, afirmou.
MANIFESTAÇÃO – O recente protesto promovido por moradores do Campeche por soluções de saneamento e contra a poluição da praia (foto acima), deu resultados. A repercussão nacional alcançada pela manifestação levou o Ministério das Cidades a convocar a Casan para reunião em Brasília, ocorrida em meados de março, que desencadeou na decisão de abertura de licitação para recontratação das obras da rede de esgoto do Campeche.
“Eles nos cobraram soluções e levamos para eles os jornais locais, mostrando que a comunidade quer a rede de esgoto”, destacou o gerente de Construção da Casan, Fábio Krieger. Financiada com recursos federais, a rede de esgoto em construção no Campeche está orçada em cerca de R$ 65 milhões, dos quais R$ 15 milhões já aplicados, na instalação de pouco mais de 15 quilômetros de rede. Outros R$ 50 milhões estão provisionados para a conclusão da rede de tubulações e a estação de tratamento.
Revoltados após o surgimento de uma enorme língua de água negra desembocando no mar, no final de fevereiro, centenas de moradores do Campeche participaram, no começo de março, de uma manifestação na beira da praia. Mobilizada pelas redes sociais e no velho estilo boca-a-boca, contou com a participação de líderes comunitários e políticos, e culminou com um abraço à praia.
A água negra que desembocava no mar foi alvo de inspeção de técnicos da Floram e entidades ambientais. A ONG Instituto Sea Sheperd Brasil informou que o resultado das análises de amostras de água originadas da vala na Avenida Pequeno Príncipe, que desembocava na praia, comprovaram a presença de coliformes fecais em níveis acima dos tolerados. Outros dois pontos da praia também teriam focos de poluição conforme a ONG.
Krieger garante que a Casan planeja acelerar a retomada das obras da rede local, para evitar a perda dos recursos disponibilizados pelo Governo Federal e também o risco de ser obrigada a devolver os R$ 15 milhões já utilizados. O dirigente informou ainda que, paralelamente à retomada das obras da rede de esgoto do Campeche, a Casan segue mobilizada em busca de linhas de financiamento para viabilizar a expansão da rede local, contemplando o Rio Tavares e outras áreas adjacentes ao Campeche.
(Foto: Milton Ostetto/Divulgação/Arquivo/JC)