Angelo Poletto Mendes/Redação JC
A temporada deste ano se encaminha para ser a melhor dos últimos 10 ou 15 anos no Sul da Ilha, conforme avaliação de empresários da região. O prognóstico inicial de atrair em torno de 140 mil visitantes, com base em dados de órgãos de turismo estadual, tende a ser superado, impulsionado pelo surpreendente afluxo de argentinos, que ao que parece ‘descobriram’ finalmente o Sul da Ilha.
“Nunca tivemos um volume de argentinos tão grande como neste ano”, assinala o hoteleiro Talmir Duarte da Silva, ex-presidente da Associação de Pousadas da capital (Pousar), calculando acréscimo superior a 100% sobre a temporada anterior. O Campeche virou quase um ‘reduto gringo’; até praias mais isoladas da região, como Solidão, freqüentada normalmente por veranistas avessos à badalação, acabaram descobertas pelos ‘hermanos’, para alegria dos comerciantes locais.
O avanço dos argentinos sobre o Sul da Ilha, no entanto, não surpreendeu Silva. “O Campeche já vinha sendo mais procurado, especialmente por aqueles mais exigentes, que privilegiam destinos de natureza e meio-ambiente preservados”, destacou. “Antigamente, quando se ia à Argentina e falava no Campeche ninguém conhecia, só se falava em Canasvieiras; isso mudou muito”, comentou.
Dono de restaurante na região, o comerciante Arante Monteiro Filho comemora também neste ano uma temporada mais linear, sem grandes rupturas de afluxo de visitantes. Isso também é atribuído em grande parte aos argentinos, que tem um período médio de estadia geralmente mais longo que os brasileiros. “Os argentinos também parecem de melhor poder aquisitivo neste ano, não se vê mais aqueles carrinhos antigos”, argumentou.
A influência da calamidade do esgoto que atingiu o Norte da Ilha nesse fenômeno, no entanto, divide as opiniões. “Se aconteceu, foi muito pouco”, acredita Silva. Monteiro acha, no entanto, que a tragédia de Canasvieiras contribuiu para impulsionar o Sul da Ilha. “Tivemos uma migração muito grande de argentinos, principalmente daqueles mais bem informados e capitalizados”, comenta. O Sul da Ilha, conforme estimativas dos órgãos de turismo, costuma absorver 10% do total de turistas que passam pela capital na temporada.
MOVIMENTO EM SC – O movimento recorde de visitantes neste verão não é exclusividade do Sul da Ilha. O presidente da Santur, Valdir Walendowski, acredita que o estado como um todo está vivendo a melhor temporada dos últimos 15 anos, com um incremento que pode chegar a 30% sobre o ano anterior, superando oito milhões de visitantes inicialmente previstos. Desse montante, a capital costuma abocanhar 20%, o que projeta quase dois milhões de visitantes até o final do Verão.
“Estamos vivendo uma temporada similar a dos áureos tempos do início dos anos 2000”, assinala. O dirigente garante que esse incremento é sustentado nos principais quesitos que medem afluxo de visitantes, como vôos charters e ocupação hoteleira. “Todos os destinos de sol e mar estão lotados; qualquer lugar que tenha concentração de equipamentos de turismo e aventura está recebendo muito público”, garante Valdir.
O dirigente destaca ainda que, ao contrário de anos anteriores, nesta temporada a ocupação está bastante pulverizada, contemplando praticamente todos os municípios, de Norte a Sul do estado. “Isso é vital para nossa sobrevivência, o turismo responde hoje por parcela importante na economia do estado”, observa. Na temporada anterior, conforme dados do órgãos de turismo, Santa Catarina recebeu seis milhões de visitantes.
Pesquisa divulgada recentemente pela Revista Exame confirma que Florianópolis continua sendo apontado como o destino mais barato entre os 10 principais destinos do país. Conforme o levantamento, enquanto o gasto médio semanal de um turista numa cidade como Gramado (RS), chega aos R$6,5 mil, na capital catarinense gira em torno de R$4,1 mil. Em setembro, a revista Viagem e Turismo elegeu a cidade como melhor destino de praia do Brasil. (Foto: Milton Ostetto/Divulgação/JC)