Angelo Poletto Mendes/Redação JC
Crises econômicas são fenômenos recorrentes, cíclicos, que instabilizam as economias dos países por determinados períodos, atingindo alguns com maior intensidade. O Brasil não é, obviamente, imune às intempéries, ainda mais após o fenômeno da globalização e da interdependência econômica e, desde meados dos anos 80, vem sofrendo sucessivas crises. Todas elas, contudo, com custos maiores ou menores, foram sendo superadas, restabelecendo-se as bases para a retomada do crescimento. Isso porque todas foram, essencialmente, crises de matriz econômica.
A crise que o país atravessa atualmente, no entanto, mostra-se sobremaneira perigosa, porque além do componente econômico, que por si só já impõe sacrifícios à maioria da população, sobretudo à classe trabalhadora e aos pequenos e médios empreendedores, contém também um grave viés político, que abala a confiança da população e das forças produtivas, retardando ainda mais a recuperação da economia.
Sem entrar no mérito das preferências políticas, o divisionismo hostil que se estabeleceu no país desde o resultado final do pleito presidencial de 2014, fomentado de forma cada vez mais ostensiva pelos grandes conglomerados da mídia, não contribui para a superação da crise. Pelo contrário, é retroalimentador do ambiente negativo, gerando um circulo vicioso de depressão de expectativas.
Bombardeado diariamente por centenas de notícias negativas, pinçadas a dedo pelos editores e colunistas dos principais veículos, o cidadão comum, oprimido, sem capacidade de filtrar a manipulação de que é vítima através do noticiário bombástico, acaba adiando seus projetos, sem se aperceber que, como um fantoche, serve a interesses obscuros, gerando um efeito-dominó que alcança até o ultimo elo da cadeia produtiva.
A perseveração da crise, certamente, só interessa ao grande capital e aos seus representantes, estejam eles encastelados nas grandes corporações midiáticas ou infiltrados no meio político. Ao povo em geral, trabalhadores, pequenos e médios empreendedores, representa um fardo quase insustentável, que mina sua qualidade de vida e de suas famílias.
A superação da crise, nesse momento, só será viável através da atitude individual de cada um de nós, de acreditarmos e investirmos em nossos projetos, inobstante o massacre contumaz da informação nociva, contribuindo dessa forma para que o próximo possa também realizar os seus e assim sucessivamente, restabelecendo-se a cadeia produtiva a partir da microeconomia. Comecemos pelo nosso bairro e região, valorizando o comércio e prestadores de serviços locais, núcleo primário na composição da economia de um país.
(Angelo Poletto Mendes é jornalista profissional diplomado e editor do JC desde 1999)
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