Angelo Poletto Mendes/Redação JC
Sob pressão após o Ministério Público Federal propor ação para tombamento integral do antigo campo de pouso do Campeche, que poderia implicar até na paralisação das obras do futuro novo posto de saúde do bairro, a Prefeitura decretou em meados de novembro o tombamento parcial da área. Com114 mil metros quadrados, a área tombada como patrimônio histórico e paisagístico do município corresponde a pouco mais de um terço da área total da gleba que abrigou o primeiro aeroporto do município, de cerca de 323 mil metros quadrados.
O tombamento foi recebido entre a euforia e o entusiasmo crítico pelos dirigentes comunitários locais. Defensor da criação de um parque na área, mas também favorável à edificação do novo posto de saúde no local, o ex-intendente do bairro e atual vereador Vanderlei Farias (PDT), era um dos mais exultantes. “É uma conquista da comunidade na luta junto aos órgãos públicos”, declarou a um conhecido colunista social da capital.
Já o vice-presidente da Associação de Moradores do bairro (Amocam), Ataíde Silva, mostra euforia moderada “É importante esse tombamento, porque caracteriza reconhecimento do valor histórico do campo, mas almejamos mais, queremos o tombamento integral da área”. Conforme Silva, a área não tombada seria inclusive aquela que abrigaria os resquícios históricos mais importantes do antigo campo de pouso do Campeche, que é reconhecido inclusive no exterior como parte importante dos primórdios da aviação mundial.
O secretário municipal de Desenvolvimento Urbano da capital, Dalmo Vieira, nega que o tombamento tenha mirado apenas garantir a construção do polêmico novo posto de saúde local, obra questionada por segmentos comunitários, que desejavam a construção da unidade em outras áreas do município existentes na região. “O tombamento visa garantir a reserva da área para uso público”, assinalou.
O dirigente garantiu que já existe projeto em estudo no âmbito do município para a implantação de um parque público na área tombada, e negou que já existam projetos de novos equipamentos públicos para a área, embora não os descarte. “Trata-se de uma área muito grande, não vejo como incompatível que receba equipamentos públicos”, declarou. Vieira assegurou, no entanto, que não está descartada também a possibilidade de novos tombamentos, alcançando até a integralidade da área. Pertencente à União, a área remanescente se encontra há décadas sob a guarda da Base Aérea de Florianópolis. Antigamente era usada para manobras militares, inclusive de artilharia, mas desde a mudança do status do bairro de área rural para urbana essa prática foi abandonada.
(Foto: Milton Ostetto/Divulgação/JC)