Angelo Poletto Mendes/Redação JC
A recente rescisão de contrato do governo estadual com a empreiteira Espaço Aberto, para a restauração da Ponte Hercílio Luz, põe em xeque também duas obras importantes em andamento atualmente no Sul da Ilha, que estão sendo executadas pela mesma empresa. São elas a construção do novo terminal aeroportuário da capital e a ampliação do acesso rodoviário ao futuro novo aeroporto.
Contratada pelo governo federal, através da Infraero, a obra de construção do novo terminal está paralisada há quatro meses e esteve na iminência de rescisão contratual. Após uma onda de protestos de órgãos municipais e segmentos empresariais, com ampla repercussão na mídia, a direção da Infraero admitiu reavaliar a opção pela rescisão, projetando a retomada até o final de outubro.
No caso de rescisão contratual e substituição da empresa executora, no entanto, dificilmente as obras serão retomadas ainda neste ano. Uma comissão de lideranças políticas e empresariais do estado esteve em Brasília, no começo de setembro, em reunião com o presidente da Infraero, Gustavo do Vale. Ficou acertada a criação de uma comissão para monitorar a execução das obras.
Iniciada em 2012, com projeção inicial de conclusão ainda antes da Copa do Mundo, depois reprogramadas para o final deste ano, as obras do novo aeroporto atingiram até agora apenas 7% do total. Por causa disso, de acordo com a Infraero, a Espaço Aberto já teria sido penalizada com duas sanções administrativas, ambas por lentidão nos trabalhos.
A empresa, por sua vez, alega que a Infraero teria descumprido termos do contrato da obra, envolvendo a terraplanagem e construção de pistas, que estão a cargo de um segundo consórcio. No caso de rescisão do contrato, a deve assumir a obra a segunda colocada no processo licitatório. A nova projeção para término do novo aeroporto, conforme a Infraero, passa a ser 2017.
As obras do novo aeroporto estão divididas em duas partes, envolvendo infra-estrutura (novo pátio de aeronaves e pistas ), e o novo terminal, com 35 mil metros quadrados e capacidade para atender 6,7 milhões de passageiros anuais. O investimento total no novo aeroporto supera R$ 326 milhões.
-TRAÇADO INDEFINIDO – Outra obra sob ameaça de paralisação no Sul da Ilha, em execução também a cargo da Espaço Aberto, é a duplicação do acesso rodoviário ao futuro novo aeroporto. As notícias dando conta da desistência da obra por parte da empreiteira, no entanto, não se confirmaram até meados de setembro e os trabalhos prosseguiam em duas frentes, a mais visível na construção da nova ponte sobre o Rio Tavares, na Avenida Diomício Freitas.
Fiscal da obra, o engenheiro e superintendente do Deinfra, Cléo Quaresma, garante que as obras estão em ritmo normal. “Já estamos com 45% das fundações da nova ponte prontas”, assinalou. Conforme ele, a projeção é de que a ponte, considerada um dos equipamentos mais complexos do novo acesso, esteja pronta até meados do próximo ano, pelo menos seis meses antes do prazo final.
O principal entrave para a obra deslanchar, de acordo com Quaresma, é a demora na liberação do licenciamento para execução do traçado original da rodovia, na área que se estende do Trevo da Seta às imediações do estádio do Avaí. O governo insiste que a ligação margeie o loteamento Santos Dumont, para minimizar custos com indenizações. “Se passar por dentro, são 209 lotes para desapropriar”, explicou.
O pedido de licenciamento estaria sob análise da Fatma, sem prazo para liberação. A ampliação do acesso ao novo terminal envolve um total de 8,7 quilômetros. Deste total, conforme o Deinfra, cerca de 47% já está executado. A etapa mais avançada está situada no Lote 2, que liga a rodovia da Tapera ao futuro aeroporto, cuja terraplanagem já estaria com 98% dos trabalhos concluídos. (Foto: Milton Ostetto/Divulgação/JC)