Atualmente as disfunções sexuais, particularmente a disfunção erétil, representam um marcador preditivo de problemas cardiovasculares e de diabetes no homem. Um homem que não tenha nenhum sinal ou sintoma de diabetes (excesso de sede, fome exagerada principalmente por doces, dificuldade de cicatrização de feridas, ou glicemia sanguínea de jejum elevada em mais de uma ocasião, superior a 99 ng/dl ou muito acima disso), pode ter na disfunção erétil. É um sinal de alerta para essa doença. Da mesma forma que falamos da diabetes, assim é com a hipertensão arterial, com as doenças cardiovasculares e outras doenças relacionadas ao aparelho endócrino como as doenças da tireóide, hipófise anterior e supra-renal.
A perda de libido também pode estar relacionada com alterações hormonais. Tanto pela alteração direta nos níveis de testosterona causada pelo envelhecimento natural do homem (lembrando que essas alterações já podem ocorrer a partir dos 45 anos), como por problemas em glândulas que vão afetar os níveis de testosterona. Problemas na hipófise anterior que venham alterar a produção de FSH e LH que no homem são hormônios que estimulam o amadurecimento das células de espermatozóides e de testosterona no testículo.
Nas suprarrenais, que produzem alguns androgênicos e também hormônios que são indicativos de estresse como ACTH e cortisol, que quando aumentados podem acarretar aumento da pressão arterial, doenças cardíacas como arritmias, e predispõe o individuo ao risco de doenças coronarianas, por contribuírem para mudanças no metabolismo aumentando a possibilidade de elevação do colesterol ruim (LDL), glicemia, além de alterações endócrinas que contribuem para elevação do estrogênio (hormônio feminino) no homem.
A ejaculação precoce está mais relacionada com o próprio indivíduo e com o seu próprio “time” orgástico e ejaculatório e o quanto consegue controlá-lo. De maneira bastante simplificada, podemos dizer que uma via nervosa aferente parte da glande peniana em direção à medula e desta saem nervos da cadeia simpática, mediados pela noradrenalina e nervos somáticos, mediados pela acetilcolina. Esses nervos são responsáveis por uma série de eventos que culminam na ejaculação. O sistema nervoso central tem um papel modulador, ora facilitando, ora inibindo o orgasmo. A serotonina tem um importante papel modulador do orgasmo, podendo retardá-lo.
Todas essas disfunções podem ser acarretadas por problemas psicológicos como medo de falhar e traumas, dentre outras, mas não podemos fazer dessas causas fatores determinantes e sim buscarmos antes de qualquer coisa uma causa orgânica. Lembrando que o pênis (na visão do homem) é o seu “principal” órgão, então nós médicos temos que nos aproveitar disso para buscarmos uma causa pertinente para o problema que venha salvaguardar a sua vida como um todo, não somente a vida sexual. O lema “Sexo é Vida” cabe somente para marketing e propaganda, o pensamento certo é Vida para ter Sexo com qualidade. (Dr. Carlos Eduardo Prado Costa, médico clínico geral e membro da Sociedade Internacional de Medicina Sexual – drcarloscosta@ictushomem.com.br ) ((Foto: Divulgação/JC)