Livro que trata da migração dos vegetais encontrados em território brasileiro pelo império português entre os séculos XVI e XIX, “Usos e circulação de plantas no Brasil” (Andrea Jakobsson Estúdio Editorial) foi lançado recentemente. A obra, organizada por Lorelai Kury, reúne pesquisas realizadas pelos historiadores Heloisa Gesteira, Bruno Martins Boto Leite, Flávio Coelho Edler, Leila Mezan Algranti, Juciene Ricarte Apolinário e a própria organizadora. O livro, bilíngue (português e inglês), tem 324 páginas e custa R$ 120.
“Usos e circulação de plantas no Brasil, séculos XVI a XIX” propõe alguns ensaios sobre a História do Brasil, tendo as plantas por protagonistas. Plantas descritas em textos ou imagens, secas, em infusões, alimentares, corantes, fibrosas ou medicinais, mas sempre em transformação. Os horizontes de análise foram ampliados para abarcar mares, povos e floras que estão além de nossas fronteiras habituais. Os historiadores voltaram seus olhares para o reino das plantas, tão complexo quanto o império dos homens.
Os capítulos abordam temas tão distintos quanto a troca de vegetais no império português, as grandes rotas marítimas do Renascimento, o uso das plantas medicinais pelos padres da Companhia de Jesus, o universo da medicina holística dos séculos XVII e XVIII, a arte da cozinha e sua relação com as plantas do Brasil, as plantas nativas e os saberes dos indígenas coloniais, bem como sua apropriação pelo universo europeu, e a circulação das plantas pelos espaços da ciência e da história natural.
A pesquisa de imagens para o livro, patrocinado com recursos da lei Rouanet pelo Grupo BBM, não poupou esforços. São apresentados numerosos documentos raros ou inéditos, dentre os quais páginas do livro de Marco Polo e da famosa obra de Dioscórides, do século I da era cristã, além de manuscritos abrigados em instituições como o mosteiro de Tongerlo, na Bélgica. As ilustrações foram cedidas por mais de 60 instituições espalhadas em quatro continentes e são um registro fundamental para demonstrar a riqueza do tema.
Nas Américas, os diversos climas e as distâncias geográficas até certo ponto não impediram a migração de plantas nativas pelo continente, transitando por entre as cadeias montanhosas, descendo rios, viajando com homens e animais e com o vento. Algumas delas se espraiaram, como o milho, o tabaco, as batatas ou o urucum. No Brasil, a circulação das plantas está tão entrelaçada à história da colonização, que é impossível traçar a data exata de chegada à América dos vegetais de outros continentes, provavelmente passageiros das primeiras caravelas.
Ficha técnica do livro
“Usos e circulação de plantas, SÉCULOS XVI a XIX”
Organização: Lorelai Kury
Autores: Heloisa Gesteira, Bruno Martins Boto Leite, Flávio Coelho Edler, Leila Mezan Algranti, Juciene Ricarte Apolinário, Lorelai Kury
Andrea Jakobsson Estúdio Editorial – 324 páginas, R$ 120,00, formato: 28 x 30 cm, 4 x 4 cores, ilustrado
Edição: português e inglês
Patrocínio: Banco BBM