Angelo Poletto Mendes/Redação JC
A temporada de verão deste ano confirmou mais uma vez um modelo de turismo que parece irreversível na capital, a grande concentração de visitantes em curtos períodos. Entre o pós-Natal e os primeiros 10 dias de janeiro a capital ficou literalmente abarrotada de turistas, para alegria de comerciantes e prestadores de serviços em geral, mas deixando a cidade à beira de um colapso na sua infra-estrutura de serviços públicos, especialmente no que tange ao abastecimento de água e luz.
Nova concentração maciça é esperada agora para o Carnaval, no começo de março, embora em proporções menores. A diluição deste movimento ao longo da temporada seria o ideal, sem dúvida, mas é uma perspectiva considerada utópica pela maioria. “Essa fórmula não existe, é assim em todos os lugares do mundo e continuará assim sempre”, sentencia o secretário estadual de Turismo, Valdir Walendowski.
“Esse é o período que a maioria pode viajar, não tem como mudar isso; é também o período mais caro e o mais rentável para a hotelaria”, corrobora o hoteleiro Talmir Duarte, do Campeche. Estado e prestadores de serviços em geral terão que investir para atender essa demanda concentrada, aponta Walendowski, não apenas para reter os turistas, mas também para não comprometer a qualidade dos serviços ofertados à população fixa.
“É importante ressaltar que trata-se de uma questão que transcende o governo, envolve também os empreendedores privados”, assinala. Para o dirigente, a hotelaria precisará adotar mecanismos de reserva de água e energia elétrica e imobiliárias e donos de imóveis também terão que se envolver, restringindo a ocupação desproporcional. “É inaceitável que um apartamento de dois quartos receba 15 pessoas, por exemplo, é óbvio que isso vai impactar”, comenta.
Sobre os graves problemas de abastecimento de água e luz que atingiram o estado nesta temporada, especialmente a capital, revoltando muitos visitantes, o dirigente não teme prejuízos à imagem de Santa Catarina como destino turístico. “Essa situação tem um impacto momentâneo, mas se dilui ao longo do tempo e não se consolida como prejuízo à imagem do estado”, afirma. (Foto: Milton Ostetto/Divulgação/JC)