2 de janeiro de 2014

Rede de esgoto do Campeche, novela sem fim

Angelo Poletto Mendes/Redação JC

Iniciada sob pompa e circunstância, em meados de 2008, gerando grande expectativa na população local, a esperada rede de esgoto do Campeche se aproxima do aniversário de seis anos com perspectivas nebulosas acerca de sua conclusão e entrada em operação. As obras, que chegaram a avançar em ritmo intenso por dois ou três anos, estão paralisadas desde agosto, em função do término de licença ambiental,  com perspectivas pouco animadoras FOTO AQUELA Willi Heisterkamp Divulgação Arquivo JCpara 2014.
A falta da licença provocou o bloqueio dos recursos destinados à obra, levando a empreiteira Stemag a desativar o canteiro de obras na região. O gerente de Construção da Casan, Fábio Krieger, garante, no entanto, que a retomada dos trabalhos, tão logo saia a licença, deve ser imediata, porque a empreiteira paulista está com equipes atuando em outra obra de saneamento na capital e poderia reativar rapidamente o canteiro no Campeche.
Contudo, mesmo isso venha a ocorrer, a conclusão da obra e sua efetiva operação ainda é uma incógnita, apesar da rede de tubulações instalada na região já ter alcançado 80% dos 55 quilômetros previstos e as oito estações elevatórias estarem com obras físicas praticamente prontas. O principal imbróglio é o destino do efluente de esgoto que será produzido na estação de tratamento em fase inicial de obras, no Rio Tavares.
O destino definido no projeto original é um caro, polêmico e complexo emissário submarino de esgoto, projetado para instalação em mar aberto no Campeche, cuja viabilização efetiva deve demorar no mínimo mais cinco anos ou seis anos, conforme projeções da Casan. Orçado em mais de R$ 100 milhões, o emissário submarino ainda está na fase de elaboração do Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima), que só deve estar concluído no segundo semestre de 2014.
ALTERNATIVA – Sem a definição do destino do efluente, mesmo que concluída a rede de tubulações e a estação de saneamento, o sistema de esgoto do Campeche não pode ser ativado. Para tentar agilizar a entrada em operação do sistema, a Casan protocolou em setembro, junto à Fundação Estadual de Meio-Ambiente (Fatma), estudo ambiental simplificado pleiteando autorização para lançamento do efluente de esgoto tratado, em caráter temporário, no Rio Tavares.
“Se não for autorizada essa solução temporária, o Campeche ficará pelo menos mais seis ou sete anos sem rede de esgoto”, ressalta. Conforme ele, embasando o pleito junto à fundação, a Casan se propõe a edificar um módulo de tratamento terciário de esgoto na estação do Rio Tavares, inicialmente projetada para tratamento apenas secundário, com remoção de compostos químicos e devolução de efluente com 99% de pureza.
O adensamento populacional da região e a solução por sistema de fossas sépticas, alerta Krieger, implica em risco iminente de contaminação do lençol freático. Mesmo inativa, a própria rede de tubulações de esgoto da Casan já tem sido alvo freqüente de despejo irregular de esgoto, que termina por estagnar nas partes mais baixas da rede. “Já temos inúmeros casos notificados e alguns lacrados“, assinala. (Foto: Willi Heisterkamp/Divulgação/Arquivo/JC)