Uma flor num buraco da calçada (*)Henrique do Valle Quando soltaram os cachorros loucos eu estava fazendo chá de ervas do campo e de repente o espanto tremendo a chaleira e bombeando medo larguei as ervas e danado precipitei-me à janela de onde vi enormes matilhas com olhos cheios de negra espuma a espuma invadia a rua e abraçava os postes, que caíam cheios de óleo e náusea engolia as pessoas que alucinadas enchiam o ar de berros depois os cachorros foram embora eu voltei ao meu chá e lá fora a solidão e uma flor quase despercebida (*) Poeta gaúcho, 1960-1981
8 de julho de 2013