13 de fevereiro de 2013

Maricultores retomam extração e planejam cobrar indenização por prejuízos

Apesar do alívio registrado pela derrubada do embargo à produção de moluscos no litoral catarinense, proibido agora apenas num pequeno trecho entre Tapera e Ribeirão da Ilha, produtores e comerciantes da região alegam que o prejuízo em função do problema é irreversível, agravado ainda mais pela ampla propaganda negativa da atividade da maricultura e do consumo de ostras e mariscos registrada na mídia. “Tivemos uma queda de 90% no nosso movimento, os restaurantes do Ribeirão da Ilha estão às moscas, calculo que nosso prejuízo já atinga cerca de R$ 300 mil”, afirmou o comerciante Dário Gonçalves, dono do conhecido restaurante Rancho Açoriano, que funciona no local há 17 anos. “È o pior ano da história de nosso restaurante”, assinalou. O comerciante disse que vinha mantendo vários funcionários parados e já estava na iminência de promover corte de pessoal. “Vamos recorrer à Justiça para recuperar esse prejuízo”, avisou. Gonçalves defende que a Celesc promova ampla campanha de esclarecimento à população e de incentivo ao consumo de ostras. “Mesmo assim, dificilmente voltaremos aos mesmos patamares de produção e vendas antes de um ano”, ressalvou. O diretor da fazenda marinha Atlântico Sul, que atua no Ribeirão da Ilha, Fábio Brognolli, disse que a empresa só não foi mais abalada porque a maior parte de sua produção é comercializada fora do estado, onde a repercussão do problema não foi tão abrangente. “Mesmo assim, é inegável que a credibilidade do produto fica prejudicada”, comenta. Maior produtora do Brasil, conforme Brognolli, a Atlântico Sul produz 10 toneladas mensais de ostras e duas de mexilhões, sendo 85% da produção comercializada fora do estado. O dirigente ressalta, por outro lado, que todos os laudos divulgados até agora mostram que não houve contaminação das águas da Baía Sul e nem das carnes dos moluscos pelo óleo tóxico. “São laudos da USP, a mais renomada instituição do país, referência na área”, destaca. O dirigente considera que seria importante agora que a divulgação destes laudos tivessem o mesmo espaço dado ao vazamento, na mídia local. Brognolli lembra que em 2007 o segmento enfrentou uma problema parecido, com a divulgação de suspeitas de contaminação por algas. “Levamos quatro anos para recuperar os mesmos níveis de produção anteriores; agora, o prazo para recuperar novamente a confiança do consumidor é imprevisível”. O empresário disse que a próxima luta dos produtores é pela liberação da produção e extração de moluscos na área restrita, a partir de novos laudos comprobatórios de não contaminação. Atuam atualmente no Ribeirão da Ilha, conforme ele, 140 produtores, dos quais 30 na área remanescente sob embargo. (Foto: Mauro Vaz/Divulgação/Arquivo/JC)