Angelo Poletto Mendes/Redação JC
Um dos mais conceituados escultores em atividade no Brasil está completando quase 20 anos de vivências no Sul da Ilha. Conhecido por suas obras retratando mulheres de curvas sinuosas e até opulentas, esculpidas em diversos materiais, o gaúcho Dante Castelani possui atelier aberto ao público no Rio Tavares, onde exerce sua arte e planeja, em breve, ministrar também cursos para jovens escultores. Ex-fabricante de conservas, que descobriu sua vocação por acaso, aos 40 anos, Castelani tem trajetória curiosa. Após ser obrigado a se desfazer da fábrica deficitária, em 1985, resolveu refletir sobre seu futuro e descobriu a arte. “Pra me distrair, peguei um pedaço de madeira e fiz uma figura feminina; o negócio agradou e então me atraquei num pedaço de ipê e fiz outra, que vendi por uma grana boa; a partir daí decidi que seria escultor”, conta. Antes de desembarcar no Campeche, o escultor peregrinou por diversos balneários da região Sul, entre eles Garopaba, atuando como vendedor itinerante de suas obras. Autodidata convicto, Castelani evoluiu ao longo do tempo e trabalha atualmente com todas as matérias-primas, madeira, cerâmica, pedra e bronze. “Gosto muito do alabastro, que é uma pedra mais dura que a pedra-sabão, mas é difícil de conseguir, tem que buscar no Nordeste”, comenta. O acervo do artista é praticamente formado por mulheres de curvas sensuais, além de alguns casais, em diversas circunstâncias. “Gosto de dar nome aos trabalhos, tem o ‘Sonhando’, o ‘Na praia”, relata. O escultor desmistifica também a lenda de que a arte é inacessível à maioria da população. “No meu atelier se encontram trabalhos a partir de cinquenta, cem e duzentos reais”, comenta. (Foto: Willi Heisterkamp/Divulgação/Arquivo/JC)