Angelo Poletto Mendes/Redação JC
Ainda pouco conhecido do grande público, apesar de possuir verdadeiras legiões de fãs espalhadas pelo mundo, o norte-americano Howard Philips Lovecraft é apontado como um dos maiores escritores de terror de todos os tempos, para muitos superando até mesmo o mestre do terror moderno Edgar Allan Poe que, ironicamente, foi seu maior ídolo literário. Apesar de uma vida breve, já que morreu em 1937, aos 47 anos, Lovecraft deixou vasto acervo de contos de horror, fantasia e ficção científica, que até hoje impressionam pela força imagética, contundência e rigor textuais e, acima de tudo, pelo poder de conferir ares de veracidade às mais fantásticas e bizarras criaturas e personagem criadas pela sua imaginação delirante. Precursor do terror fantástico, suas histórias povoadas de seres ancestrais conseguem perturbar até os leitores mais céticos. A base de sua obra era o que ele chamava de ‘cosmicismo’ ou ‘terror cósmico’, o conceito de que a vida é incompreensível à mente humana e que o universo seria originalmente povoado por alienígenas. Sua viagem ao horror ancestral foi tão profunda que chegou a criar um livro fictício chamado Necronomicon, contendo supostos ritos proibidos, que é referido em boa parte de seus contos e que muitos creem até hoje ser verídico. Como tantos outros escritores foi somente depois da sua morte que Lovecraft teve reconhecido seu talento. No Brasil existem dezenas de títulos do escritor publicadas, muitos recentes a partir dos 60 anos de sua morte, quando as editoras ficaram isentas do pagamento por direitos autorais. Todos os seus escritos são excelentes e muito uniformes, mas os iniciantes na sua leitura não podem prescindir de dois: a coletânea de contos Nas Montanhas da Loucura e O Caso de Charles Dexter Ward, seu único romance. (Angelo Poletto Mendes é jornalista profissional e poeta, autor de ‘Rosa Paralela’ (Grafosul, Porto Alegre, 1982).