22 de outubro de 2012

Cresce reação à instalação de emissário de esgoto em mar aberto, no Campeche

A Casan não terá vida fácil para botar em operação a ampla rede de saneamento em implantação no Campeche, que envolve nada menos do que 58 quilômetros de tubulações de esgoto, oito estações elevatórias e uma moderna estação de tratamento, no Rio Tavares, prevista para ficar pronta em meados de 2013. Isso foi o que ficou latente em recente audiência pública sobre saneamento nas costas Sul e Leste da Ilha realizada Conselho Comunitário da Fazenda do Rio Tavares. Com faixas e farta argumentação técnica, dirigentes comunitários locais repudiaram a construção de um polêmico emissário submarino para lançamento de efluente de esgoto em mar aberto, no Campeche, destino final projetado para despejo do esgoto tratado na estação do Rio Tavares. “Houve realmente uma reação muito forte ao projeto do emissário”, reconheceu o gerente de Construção da Casan, Fábio Krieger. O dirigente alega, contudo, que não existe outra alternativa e, apesar da rejeição, informou que a estatal acaba de contratar uma empresa gaúcha para executar o estudo de impacto ambiental do emissário. Com custo de R$ 1,8 milhão, deve demandar dois anos para ficar pronto, envolvendo estudos de correntes, ensolação e temperatura marinha, além de aspectos sócio-ambientais da área. O vice-presidente da Amocam e membro do Movimento de Saneamento Alternativo (Mosal), Ataíde Silva, diz que a entidade insiste na adoção de um modelo descentralizado de tratamento, através de pequenas estações, com reaproveitamento dos efluentes, sem lançamento no mar ou mesmo no rio. O dirigente disse que as entidades locais pretendem questionar o projeto do emissário na Justiça. Outra alternativa para viabilizar o funcionamento da rede, que seria o lançamento do efluente nas águas do Rio Tavares, é rechaçada por lideranças vinculadas à maricultura. “Mesmo efluente com tratamento terciário contém excesso de elementos orgânicos que provocam a proliferação de algas, com enorme impacto ambiental; se lançarem nas baías, mata a maricultura”, sentencia o biólogo Mauro Cesar Campos de Almeida, vinculado a uma grande empresa do setor. (Reprodução autorizada charge Ivan Cabral/Novo Jornal-RN/ Divulgação/ Arquivo/JC)