Ainda pouco valorizado no Brasil, o turismo de observação de baleias começa a ganhar força na capital catarinense, especialmente no Sul da Ilha, região que costuma ser contemplada com a visitação de um número cada vez maior de baleias. Só na temporada deste ano, que se estende de julho a novembro, já foram avistadas na região quase uma dezena de animais em várias praias, algumas quase ao alcance das mãos, no Morro das Pedras. “Sempre tem gente interessada; há pouco tempo conversei com seis italianos que vieram à região apenas com o objetivo de ver baleias”, comenta o comerciante Arante Monteiro Filho, dono de um dos restaurantes mais tradicionais do Sul da Ilha. “A gente não costuma dar muita importância, mas todo mundo que vê pela primeira vez uma baleia fica encantado”, acrescenta. Monteiro acredita que esse segmento já merece ser tratado com mais atenção. “O turista que observa baleias fica três ou até quatro horas no local, se alimenta e consome no comércio local”, pondera. O comerciante defende até a criação de uma infra-estrutura específica para desenvolver a atividade. “Acho que poderia se pensar num ponto de avistamento em cada praia, dotado de infra-estrutura, café e banheiros’, sugere. “É uma pena ver tanta gente aglomerada no Morro das Pedras, um lugar tão bonito, sem qualquer infra-estrutura”. O número de avistamentos de baleias francas na temporada deste ano no litoral catarinense se encaminha para bater um novo recorde. No primeiro sobrevôo do ano, em julho, pesquisadores do Projeto Baleia Franca avistaram nada menos do que 103 baleias na costa catarinense, quase o dobro do avistado na mesma época do ano passado. O pico de avistamentos, contudo, costuma acontecer em setembro. “Esse crescimento populacional é resultado do trabalho de preservação que vimos desenvolvendo ao longo dos últimos 30 anos”, destacou a diretora de pesquisa do projeto, Karina Groch. A bióloga salienta, contudo, que a observação precisa respeitar algumas normas, principalmente no que tange à aproximação em embarcações motorizadas. Além de afugentar os animais, a aproximação costuma provocar estresse, podendo debilitá-los e mesmo leva-los à morte, já que as baleias chegam a ficar seis a sete meses sem se alimentar nesse período, até o retorno à Antártida. (Foto: Willi Heisterkamp/Divulgação/JC)
28 de agosto de 2012