Após um início arrasador, mais uma vez, com uma avalanche de visitantes tomando literalmente de assalto a capital, no período entre o pós Natal e a primeira quinzena de janeiro, a temporada de veraneio em Florianópolis entra na reta final com expectativas mais modestas de desempenho em relação às preconizadas antes do verão. O crescimento no número de visitantes, que se estimava pudesse atingir mais de 10%, não deve se confirmar, de acordo com as primeiras avaliações de hoteleiros e comerciantes. “È uma boa temporada, tivemos um fluxo maior de estrangeiros, que priorizam a natureza, mas em termos de movimento será similar à temporada passada, não houve crescimento”, assinalou Talmir Duarte da Silva, dono de famosa pousada e hotel do Campeche. Silva ressalta, contudo, que mesmo esse desempenho deve ser comemorado. “Felizmente, por mais que crise que exista, a capital continua firme como destino turístico, porque virou objeto de desejo dos turistas”, pondera. Sonita Santos, uma das administradoras do badalado complexo Point do Riozinho, no Campeche, disse que o movimento neste verão está um pouco superior ao do ano passado no local, essencialmente em função do status de glamour que o point conquistou. “O point já foi destaque duas vezes na Folha de São Paulo”, comentou. Apesar disso, ela revela que parcerias para a realização de eventos no local têm sido a principal fonte de rentabilidade do complexo turístico. A temporada deste ano deixou evidente, contudo, uma mudança nos rumos do turismo na capital. Ao invés do tradicional turismo de família, que perdurou por décadas e costumava se diluir ao longo de pelo menos dois meses do verão, está concentrado num período muito curto, na primeira quinzena de janeiro, com predomínio de um público jovem, voltado às baladas e no culto às celebridades. “Acho que o turismo da Ilha está tomando um rumo perigoso; há um flagrante desrespeito à cultura local, à população nativa; esse clima de permissividade, de luxúria, de culto aos novos ricos, chega a ser afrontoso”, opina o cineasta ilhéu Ademir Damasco. O hoteleiro Talmir Duarte acha, contudo, que o status que a capital vem assumindo, de destino de celebridades em busca de baladas, é positivo para alavancar o movimento. “É inegável que a divulgação da visitação de famosos puxa demanda; mostrar isso passa a imagem de glamour para a Ilha, gera um desejo nos turistas de virem para cá; mas é claro que a Ilha não é só isso, precisamos incentivar também o turismo ecológico, de aventuras e esportes”. (Foto: Willi Heisterkamp/Divulgação/Arquivo/JC)
10 de fevereiro de 2012