21 de outubro de 2011

Moradores rejeitam construção de passarela à beira mar no Campeche

O Campeche foi palco, no início de outubro, de um protesto emblemático contra a expansão imobiliária e a degradação ambiental e cultural que avança sobre a região. Depois de repudiar publicamente a obra de uma passarela de acesso à praia, em um amplo condomínio residencial em construção na região, através de protestos pacíficos no local, sem sucesso, um grupo de 200 moradores partiu para uma ação mais drástica, promovendo a demolição parcial do equipamento. A obra já sofria repúdio das lideranças locais desde o início do ano. Dirigentes da construtora tentaram por mais de uma vez agendar uma reunião com dirigentes da associação dos moradores, para explicar projeto, mas não foram recebidos. Contudo, amparados em amplo licenciamento obtido junto aos órgãos públicos, não recuaram do projeto, finalizado no início de outubro. A obra contempla uma passarela de 360 metros de extensão, sendo 60 metros sobre área pública, sendo este trecho final demolido pelos moradores. A principal argumentação dos moradores para rejeitar a obra é que, ironicamente, o trecho final passa sobre o terreno que abrigou até há cerca de um ano o famoso Bar do Chico, demolido pela Prefeitura, por ordem judicial, justamente por estar situado em área de preservação. “Como é que um empreendimento privado, de alto padrão, pode edificar, e o bar de um homem simples, um pescador, que estava no local há mais de 20 anos, não pode?”, questionou o presidente da Associação de Moradores do Campeche (Amocam), Ataíde Silva. O dirigente considera estranho que praticamente um ano depois da demolição, a passarela tenha sido edificada justamente sobre a área. “Foi uma tentativa de privatizar a praia, uma limpeza social”, disparou. A construtora, contudo, argumenta que a polêmica passarela foi uma condicionante ambiental estabelecida pela Prefeitura e órgãos licenciadores para a edificação do próprio empreendimento. Segundo dirigentes da empresa, a passarela seria a solução ecológica mais adequada para preservar a vegetação de restinga existente na área, porque contempla espaço para expansão das espécies e evita o pisoteio nos deslocamentos pelo local.