O Pântano do Sul foi palco, na primeira quinzena de setembro, de uma operação histórica de salvamento de uma baleia-franca, que atraiu centenas de pessoas para o local e gerou um clima de comoção que ultrapassou fronteiras, sendo notícia até mesmo no exterior. A operação envolveu um indíviduo juvenil, segundo biólogos, com nove metros de comprimento e pesando entre 10 e 15 toneladas, que ficou encalhado no local por 33 horas, entre os dias sete e nove de setembro. Morador do balneário, o comerciante Arante Monteiro acompanhou de perto a agonia do animal, antes do salvamento. Foram quatro tentativas sem sucesso, até que equipes do Projeto Baleia Franca, Corpo de Bombeiros e Polícia Ambiental conseguir libertar o animal em mar aberto, com a ajuda de um rebocador da Marinha. “Cheguei a ir à noite lá, por duas ou três vezes, ela gritava, urrava, parecia uma vaca”, relata Monteiro, que critica o amadorismo na operação de salvamento. “Cada vez vemos mais baleias por aqui, tanto se fala de turismo de baleias e vemos tantas ONGs voltadas à baleia, mas na hora de salvar é muita improvisação”, criticou. Segundo ele, foram os próprios pescadores e os bombeiros que amarraram a baleia por baixo, para que fosse puxada pelo rebocador. “Na primeira vez a corda, de tão puída que tava, arrebentou; esse tipo de improvisação é até perigoso, podia machucar o animal”. A diretora de Pesquisa do Projeto Baleia Franca, Karina Groch, disse que mesmo animais juvenis, deste porte, são de difícil salvamento, dependendo das circunstâncias do encalhe. “Quando encalha na beira da praia, em função de doença ou debilidade, é muito difícil salvar; o outro tipo é quando fica presa num banco de areia e não consegue sair porque não tem maré alta, que foi o caso desta”, comentou. “Fazia oito anos que não tínhamos um encalhe deste tipo no estado; o último, em 2003, no complexo lagunar, também teve resgate bem sucedido”. A bióloga informou que a movimentação da baleia, após a libertação, foi monitorada pelo Projeto Baleia Franca por alguns dias, em função do risco de retorno, muito comum em animais debilitados. A dirigente informou, por outro lado, que a temporada de baleias deste ano, que prossegue até novembro, está sendo considerada a segunda melhor da história, com avistamento de 172 indivíduos. A melhor temporada aconteceu em 2006, com 194 avistamentos. (Foto: PauloFlores/ICMA-ICMBio/Divulgação/JC)
21 de outubro de 2011