O avanço da criminalidade, e o conseqüente clima de insegurança que paira sobre a população do Sul da Ilha, está levando as lideranças comunitárias da região a uma mobilização sem precedentes na história recente. Além de lançarem a campanha denominada SOS Sul da Ilha, amplamente difundida pela mídia convencional, promoveram recentemente concorrida audiência pública, que atraiu mais de 100 pessoas, de praticamente todos os bairros da região. Com o objetivo de discutir alternativas para o enfrentamento do problema, o evento contou com a presença de autoridades da segurança pública municipal e estadual, autoridades políticas e líderes comunitários, entre outros.
Articulador do evento, o presidente do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) do Pântano do Sul e coordenador do Fórum de Consegs da capital, o advogado Carlos Thadeu Lima Pires, disse que, apesar de positivo, o evento deixou evidenciado que o problema está longe de uma solução. “A Polícia Militar tem ótimas intenções, não podemos nos queixar dos policiais, o problema é de gerenciamento da segurança pública”, assinalou. Thadeu salienta que, enquanto a população do Sul da Ilha registra um crescimento geométrico, atingindo atualmente cerca de 115 mil habitantes, a 3ª Companhia de Polícia Militar (3ªCPM), que responde pela segurança de toda a Costa Leste e Sul da Ilha encolheu e teria hoje um efetivo de apenas 70 homens, menos da metade do efetivo que a própria corporação tinha quando iniciou atividades na região, em outubro de 2003.
O dirigente lamenta também o insucesso nas diversas tentativas de atrair uma nova delegacia da Polícia Civil para a região, prometida pelo governo anterior. O dirigente reclama da lentidão na reposição dos contingentes policiais, para suprir os afastamentos e aposentadorias. “A PM chega a ficar períodos de dois anos sem admissões e quando faz não o faz em número suficiente”, assinalou. Thadeu critica também as ‘distorções’ na distribuição dos efetivos. Segundo ele, de um contingente de três mil policiais para atender a capital, cerca de 500 estariam atuando atualmente na proteção de instituições públicas, como Assembléia Legislativa e Câmara de Vereadores, entre outras. “Só a Assembléia possui cerca de 80 policiais”, comenta.
O dirigente admite que o remanejo de pessoal para os trabalhos de rua, de proteção à população, é difícil porque os policiais lotados nestes locais têm vantagens financeiras, além de condições de trabalho mais tranquilas. ‘É uma questão de gestão, se o governo não tiver força, não enfrentar o problema, não existe solução; as forças políticas dispostas a manter seus privilégios são muito resistentes”, ponderou. O presidente do Conseg informou que, no final de julho, deve acontecer uma reunião das entidades locais para avaliar os resultados da primeira audiência e estabelecer novo cronograma de audiências móveis, nos bairros, para avançar na discussão de soluções para a segurança do Sul da Ilha.
(Texto: Angelo Poletto Mendes/Redação JC. Foto: Willi Heisterkamp/Divulgação/JC)
25 de julho de 2011