A demora na reconvocação dos núcleos distritais para a retomada das discussões do projeto de futuro plano diretor da capital, que estava prevista para acontecer ainda antes do final de junho, está inquietando as lideranças comunitárias do Campeche e Sul da Ilha, especialmente aquelas vinculadas ao extinto Núcleo Gestor do Plano Diretor Participativo, que agora funciona sob auto-convocação. “É uma questão delicada e estamos apreensivos, porque já se esboça um novo processo de enrolação”, disparou o delegado distrital titular do Pântano do Sul, Gert Schinke. Nomeado coordenador dos trabalhos de revisão e debate do projeto, o secretário de Educação municipal, Rodolfo Pinto da Luz, informara, no final de maio, que a intenção era reabrir o debate ainda antes do final de junho. “Na verdade, os técnicos que estão revisando o projeto não conseguiram concluir os trabalhos; a reconvocação do núcleo deve acontecer agora em agosto e a partir daí vamos definir um cronograma de audiências”, explicou. Essa demora, contemporiza o secretário, também deve esticar o prazo previsto para o envio do projeto à Câmara, inicialmente planejado para setembro. “Acredito que devamos estar enviando esse projeto para os vereadores até meados de dezembro”, estimou. Schinke, por sua vez, acha bastante improvável que se consiga concluir o projeto em 2011. “Não é inviável, mas desde que se tenha um cronograma claro, transparente e muito bem definido para condução das discussões”, ponderou. “Entrementes, pelo que sabemos de bastidores sobre projeto que será apresentado com base de discussão, a situação é preocupante”, acrescentou. Conforme o dirigente, a fundação estrangeira contratada para elaboração do projeto de plano diretor da capital estaria preservando diversos pontos já repudiados pelos núcleos distritais. “Pelo que sabemos de algumas fontes, será um projeto altamente permissivo à verticalização predial, muito preocupante, cheio de pegas-ratões; o pessoal do Campeche precisa ficar atento porque ali é onde está prevista a maior expansão urbana da capital”, comentou. O presidente da Associação dos Moradores do Campeche e delegado substituto do núcleo distrital local, Ataíde Silva, disse que a posição da entidade será pelo recebimento do projeto e encaminhamento para análise na comunidade. “Vamos tomar conhecimento do projeto deles e fazer o comparativo com o nosso, aprovado no âmbito do Plano Diretor Participativo, com aval da própria Prefeitura”, disse. “Se não for como aprovamos, vamos brigar até via judicial, se for o caso, para que as mudanças sejam submetidas à votação na comunidade, através de audiências locais”. (Foto: Willi Heisterkamp/Divulgação/JC)
25 de julho de 2011