Angelo Poletto Mendes/Redação JC
Difícil algum morador do Campeche que não o conheça ao menos de vista, da praia, embora muitos não saibam seu nome. Seu estilo entroncado e aspecto severo, sempre trajado com roupa de borracha e acompanhado de sua indefectível prancha de surfe, faça chuva ou faça sol, tornou-o figura muito popular no bairro. Aos 48 anos de idade, o nativo Adilson Miguel Vieira, conhecido como Cupim, é uma figura quase lendária no surfe do Campeche, esporte que pratica há nada menos do que 34 anos, desde 1976.
Cupim não é, no entanto, um surfista comum. O surfe está integrado a sua vida de forma quase visceral, é mais do que uma religião. Em mais de três décadas de esporte, ele garante que consegue contar nos dedos os dias em que não foi à praia para pegar ao menos uma onda. Sua trajetória obstinada suscita até especulações de que ele poderia entrar para o Guiness Book, o livro dos recordes, como o surfista que mais pratica o esporte em todo o mundo. “Surfo todos os dias, já fui surfar até de braço quebrado, mas nunca tive a pretensão de nada com isso, é uma coisa natural”, afirma. “Às vezes pego duas ou três espumas, fico em pé, e vou embora; mas é automático, quando vejo estou lá”, revela.
Sua rotina, segue um padrão. “Acordo cedo, tomo uma cafezinho e depois surfo umas duas ou três horas, às vezes até quatro, até 11 horas ou meio dia”, conta. A tarde é reservada para o trabalho nas casinhas que construiu como resultado da labuta por quase 20 anos no BESC e, volta e meia, na prática do hobby de ceramista. ‘Campecheano’ legítimo, nascido em 1962, Cupim revela que sua longevidade no surfe tem lhe proporcionado algumas circunstâncias curiosas. “Sou da segunda geração do surfe, dos anos 70, e hoje surfo com muitos filhos de amigos que começaram comigo e até com alguns netos deles, que estão começando”, comenta. Ele revela que não tem nenhuma preocupação especial com alimentação, por causa do esporte. “O que vier, cai, mas pirão d’água com peixe é o meu prato predileto”.
(Foto: Willi Heisterkamp/Divulgação/JC)