Popularmente conhecida como lábio leporino, a fissura labiopalatal é uma abertura na região do lábio do recém-nascido ocasionada pelo não fechamento destas estruturas na fase embrionária, isto é, entre a 4ª e a 12ª semana de gestação. As fissuras podem deixar a boca em comunicação com o nariz. Em aproximadamente 650 nascimentos no Brasil, um apresenta fissura labiopalatal. Com esta alteração, há maior risco das crianças aspirarem o alimento provocando infecções como otites, pneumonias e anemias. Sem o devido tratamento, as fissuras podem provocar seqüelas graves, como a perda da audição, problemas de fala e déficit nutricional, além do sofrimento com o preconceito. É possível a total reabilitação do paciente. Quanto mais cedo a intervenção, melhor. O inconveniente é que o tratamento é longo, tendo início desde o nascimento até a fase adulta, passando por várias cirurgias corretivas e estéticas. A primeira cirurgia, de lábio, pode ser realizada aos três meses de idade da criança. A cirurgia de palato pode ser realizada aos 18 meses de idade. Enquanto que a idade ideal para a realização do fechamento ósseo a fenda é entre os 9-12 anos. O tratamento dos pacientes com lábio leporino é multiprofissional, ou seja, várias especialidades estão envolvidas. A cirurgia bucomaxilofacial é a especialidade da odontologia responsável pelo tratamento destas fendas alveolares em conjunto com ortodontistas. Tradicionalmente os cirurgiões bucomaxilofaciais tratam as fissuras através de enxertos ósseos. Os objetivos são o preenchimento da fissura, eliminar a comunicação entre boca e o nariz e permitir a movimentação de dentes para o espaço enxertado. O período ideal para este tipo de cirurgia é por volta dos nove anos de idade. Atualmente, com os avanços da odontologia, existem outras opções além dos enxertos ósseos para otimizar o tratamento, principalmente quando esses pacientes já estão na fase adulta. A cirurgia ortognática é um procedimento que permite a aproximação dos segmentos de osso ao lado da fenda permitindo o seu fechamento sem necessitar enxertos ósseos. Além disso, com a utilização dos implantes dentários, os cirurgiões bucomaxilofaciais podem reabilitar por completo o sorriso e a função mastigatória destes pacientes. (Dr.José Nazareno Gil, Doutor em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial)